Os bancos portugueses têm margem para ajustar taxas e descer spreads, defende em declarações à Renascença o economista João Duque, presidente do ISEG.
São lucros recorde para a banca nos primeiros seis meses do ano. Os cinco maiores bancos apresentaram lucros superiores a 2,6 mil milhões de euros até junho, o que representa um aumento de 24% face ao mesmo período do ano passado.
O dinheiro que tem entrado para os cofres dos bancos deve-se, em grande parte, às taxas de juro altas, que as famílias pagam todos os meses na prestação da casa.
O economista João Duque, habitual comentador da Renascença, explica que “a banca é chamada a comparticipar no esforço dos portugueses através dos impostos que paga e, por essa via, alimentar o Orçamento do Estado, que tem funções redistributivas”, por isso, defende que não cabe aos bancos apoiar os mecanismos que existem de apoio às famílias com crédito à habitação.
Ainda assim, face aos lucros agora apresentados, João Duque defende que os bancos têm margem para se tornarem mais competitivos e apresentarem produtos mais concorrenciais, acrescentando que “o negócio da banca é oferecer serviços de forma competitiva, cativar os seus clientes, pagando mais pelos depósitos ou concedendo crédito em condições mais baratas, baixando o spread, se a qualidade do devedor o possibilitar”.
Para o economista João Duque, “está a ser muito boa a diferença entre juros cobrados e juros recebidos”.
Paralelamente, os bancos não começaram a desfazer uma política a que João Duque chama de “agressiva” de aplicação de diversas taxas em vários serviços, como por exemplo “de operações, de transferências, de abertura de conta, de cartões”, que foi o “esquema utilizado pela banca para fazer face a um período difícil, quando as taxas de juro estavam muito baixas e até negativas”.
O economista admite, por isso, que há margem para “captar os clientes numa atitude mais agressiva”, que pode passar por deixar cair taxas “para a manter a conta aberta ou pelas transferências, por exemplo”.
João Duque conclui dizendo que, “se o segundo semestre for igual ao primeiro deste ano, começa a ser muito desconfortável para os banqueiros aparecerem nas assembleias gerais ou nas apresentações públicas, tendo em conta a situação em que estão”, com lucros a bater recordes sucessivos.Ver fonte
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