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Os bancos concederam um total de 45,7 mil milhões de euros em moratórias, dos quais 20 mil milhões de euros a particulares.
Os dados foram divulgados esta quarta-feira pelo Banco de Portugal e são relativos ao final de janeiro. O montante global é inferior aos 46,1 mil milhões de moratórias registadas no final de dezembro.
“Esta redução foi transversal à generalidade dos setores e finalidades, com exceção dos empréstimos concedidos a particulares para habitação e dos empréstimos às sociedades não financeiras do setor do alojamento e restauração, em que se registaram aumentos no recurso às moratórias de 71 e 38 milhões de euros, respetivamente”, refere o Banco de Portugal.
Explica que “durante o mês de janeiro registou-se um aumento de 0,5 mil milhões de euros de novos empréstimos em moratória enquanto 0,9 mil milhões de euros deixaram de estar abrangidos por este regime”.
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O valor global de moratórias concedidas em Portugal atingiu o máximo em setembro de 2020, nos 48,1 mil milhões de euros.
Ao todo, há 408 mil particulares com pelo menos um crédito com moratória, o que corresponde a 8,8% do total.
Do valor global de moratórias concedidas a famílias, 17,1 mil milhões de euros correspondem a moratórias de créditos à habitação. Cerca de 16% do total de empréstimos concedidos a particulares estavam em moratória no final de janeiro passado.
No caso das empresas, são 54 mil as abrangidas pelas moratórias, o que corresponde a 22,4% dos devedores do setor empresarial. Cerca de um terço dos créditos concedidos a empresas está com o pagamento das prestações suspenso.
“Os dados hoje publicados indicam que no final de janeiro de 2021, 54 mil sociedades não financeiras tinham empréstimos em moratória, no montante global de 24 mil milhões de euros [33,2% do total de empréstimos obtidos pelas sociedades não financeiras junto de instituições financeiras]”, refere o supervisor num comunicado.
“As empresas de alojamento e restauração eram as que mais se destacavam, com 57% do montante dos seus empréstimos abrangidos por esta medida”, salienta.
Nos setores mais vulneráveis, “8,4 mil milhões de euros estavam em suspensão de pagamento, o que representava 34,4% do total de empréstimos das sociedades não financeiras em moratória”.
Do montante global de moratórias concedidas, há ainda um montante de 1,7 mil milhões de euros relativo a créditos a outro tipo de entidades, como sociedades financeiras e particulares não residentes.
No caso da moratória pública, para as empresas que não operam em setores considerados vulneráveis, as moratórias dos juros terminam no final deste mês de março enquanto as de capital acabam no fim de setembro.
No caso das moratórias privadas – que vencem já este mês de março – o montante concedido ascendia a 3,7 mil milhões de euros em janeiro último.
O Banco de Portugal anunciou também esta quarta-feira que vai passar a disponibilizar mensalmente informação atualizada sobre as moratórias no crédito na sua página oficial de divulgação de dados.
As moratórias foram criadas no contexto da crise provocada pelas medidas impostas pelo Governo no âmbito da epidemia do novo coronavírus. Medidas como o confinamento da população e a imposição do fecho do comércio e negócios levaram ao aumento do desemprego e do número de falências.
As moratórias consistem na suspensão do pagamento das prestações mensais dos créditos ao banco, permitindo a famílias e empresas gerirem melhor o seu rendimento em tempos de crise. As moratórias permitem ainda travar o aumento do incumprimento e do crédito malparado, que, a acontecer, prejudicaria os bancos.
Em março de 2020, altura do primeiro confinamento em Portugal, foi aprovada uma moratória pública e o setor financeiro disponibilizou voluntariamente moratórias privadas, aplicáveis a contratos de crédito não abrangidos pela moratória pública.
Atualizada às 15H14 para clarificar no 13º parágrafo que, no caso da moratória pública, o fim das moratórias de juros no final de março apenas se aplica a empresas que não operam em setores considerados vulneráveis.
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