Portugal sofre de excesso de aversão ao risco, segundo o representante da banca, que pediu esta segunda-feira aos reguladores que os deixem trabalhar.
Segundo Vítor Bento, presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB), a excessiva regulação e burocracia prejudicam “a competitividade e o bem-estar social”.
Numa conferência hoje, em Lisboa, o economista fala em “penalizadoras exigências”, como as contribuições para o Fundo de Resolução ou os impostos sobre o setor.
Denuncia ainda que os bancos portugueses são obrigados a deixarem mais capital em reserva, devido à ponderação do risco que é feita para os bancos nacionais, parecendo que “o capital dos bancos portugueses vale menos para os reguladores europeus que o dos outros bancos dos outros países”.
Declarações sublinhadas pelos líderes de alguns dos maiores bancos nacionais, como Miguel Maya, presidente do BCP, que denuncia os “exageros” e a “complexidade” da regulação e lembrou a necessidade de garantir que todos na Europa competem segundo as mesmas regras.
Já o ex-ministro da Economia e antigo presidente do Banco Montepio, Carlos Tavares, em entrevista no último sábado ao programa Dúvidas Públicas da Renascença, defendeu que “temos um problema de concorrência” na banca nacional, decorrente de uma forte concentração.
A vice-governadora do Banco de Portugal, Clara Raposo, também na conferência organizada esta segunda-feira pelo Diário de Notícias, defende que são justamente a regulação e a supervisão que “têm permitido que os bancos sejam mais resilientes”. A prová-lo estão os lucros que a banca nacional tem conseguido apresentar.
A vice-governadora sublinha ainda que no momento de incerteza atual, é ainda mais importante que haja prudência com as imparidades e que os bancos “saibam investir os resultados acumulados nos últimos anos”.
Vítor Bento assegura que os bancos nacionais estão preparados para enfrentar os riscos externos.
BCP disponível para analisar compra do Novo Banco
O presidente do Millennium BCP admitiu esta segunda-feira aos jornalistas a possibilidade de analisar a compra do Novo Banco, se estiver em cima da mesa uma venda direta e não a entrada da instituição em bolsa.
“Analisamos essa oportunidade do Novo Banco se os acionistas do Novo Banco entenderem que a via não IPO é uma via que é interessante para eles. Nessa altura analisaremos, sem nenhuma preocupação”, diz Miguel Maya.
Na mesma conferência, o presidente do BPI disse desconhecer o interesse do CaixaBank pelo Novo Banco, uma possibilidade que levou o Ministro das Finanças a declarar na última semana que não é favorável ao reforço da presença espanhola no setor bancário nacional, onde já representa um terço do mercado.
A Lone Star, que detém 75% do Novo Banco, está a preparar o banco para uma OPV – Oferta Pública de Venda. O Estado detém os restantes 25%.
Deixe um comentário