//Bancos e seguradoras têm mais de 65 mil milhões em dívida pública

Bancos e seguradoras têm mais de 65 mil milhões em dívida pública

Os bancos e companhias de seguros em Portugal somam uma exposição total de mais de 65 mil milhões de euros a dívida pública, deixando-os sensíveis a mudanças nos juros da dívida no mercado secundário.

O disparar dos juros da dívida soberana de Itália esta semana foi um lembrete do risco que ainda subsiste de uma deterioração política futura em países europeus, com implicações financeiras e económicas.

Os bancos em Portugal duplicaram a sua exposição a dívida pública entre 2010 e o final de 2017. O setor dos seguros aumentou a sua exposição em 42% no mesmo período, segundo dados do Banco de Portugal.

“O sistema bancário português apresenta uma elevada exposição a dívida pública [cerca de 15% do ativo total no final de 2017], sobretudo sob a forma de títulos emitidos pelo soberano doméstico [8% do ativo total]”, explicou o supervisor no seu mais recente Relatório de Estabilidade Financeira.

Referiu que o atual tratamento regulamentar dos títulos de dívida pública ao nível dos rácios de solvabilidade e de liquidez favorece a detenção destes ativos pelos bancos. “Adicionalmente, o contexto de baixa rendibilidade no setor e as yields mais elevadas dos títulos portugueses tornam-nos relativamente mais atrativos face a outros emitentes soberanos da área do euro”, adiantou.

Mas avisou que “a concentração de exposições nesta classe de ativos torna os bancos a operar em Portugal especialmente sensíveis à variação das taxas de rendibilidade nos mercados financeiros, uma vez que uma proporção significativa destes títulos são avaliados no balanço ao valor de mercado”.

No setor segurador, manteve-se em 2017 “a elevada concentração dos investimentos em dívida pública”, “tendo estabilizado após um expressivo aumento em 2016”.

“Tal como no setor bancário, esta evolução reflete uma gestão de ativos onde se procura maximizar a rendibilidade da carteira e minimizar, simultaneamente, os requisitos de capital”, indicou o banco central.

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