//Bancos emprestam mais de mil milhões às famílias pelo 16.º mês

Bancos emprestam mais de mil milhões às famílias pelo 16.º mês

Os bancos emprestaram 1350 milhões de euros a particulares em agosto. Desde abril do ano passado que destinam mais de mil milhões ao financiamento das famílias, incluindo crédito à habitação, ao consumo e outros fins. O ritmo da concessão é o mais alto desde 2010, o que levou o Banco de Portugal a recomendar que se cumpram determinados limites para se evitar eventuais excessos no crédito.

Essas recomendações foram anunciadas em fevereiro. Mas apenas entraram em vigor em julho. E os bancos aproveitaram os meses que antecederam as novas regras para acelerar no crédito. O pico foi atingido um mês antes dessas restrições, com o novo crédito a particulares a atingir 1555 milhões de euros em junho.

Mas os travões recomendados pelo Banco de Portugal estão, para já, a permitir estancar a tendência de crescimento do crédito. O montante dos novos empréstimos baixou em agosto pelo segundo mês consecutivo. Em julho, o novo crédito desceu mais de 100 milhões de euros face ao mês anterior. Em agosto a quebra mensal foi de outros 100 milhões.

Ainda assim, os valores estão bem acima do que se verificou nos últimos anos com o ritmo a ser o mais elevado desde 2010. Desde o início deste ano até final de agosto, os bancos concederam mais de dez mil milhões de euros em crédito às famílias, uma média de 1350 milhões por mês, qualquer coisa como 45 milhões por dia. São mais 1640 milhões que o total concedido nos primeiros oito meses do ano passado. E em cinco anos o ritmo dos novos empréstimos mais que duplicou. Entre janeiro e agosto de 2013 o montante do crédito não tinha chegado aos 4200 milhões.

Crédito à habitação ganha peso

Apesar de o crédito ao consumo também estar a subir, o aumento é mais pronunciado nos empréstimos para a habitação. Por cada 100 euros de crédito às famílias concedido este ano, 60 euros são para a compra de casa. No ano passado, essa proporção era de 56 euros e, há cinco anos, apenas 33 euros em cada 100 eram destinados para financiamentos relacionados com habitação, numa altura em que o mercado imobiliário estava mais fraco.

As recomendações feitas pelo Banco de Portugal incidem tanto sobre o crédito à habitação como ao consumo. Mas as regras visam servir de travão sobretudo aos empréstimos para a compra de casa. O supervisor liderado por Carlos Costa quer impedir que os bancos concedam empréstimos de montante superior a 90% do valor do imóvel que serve como garantia ao crédito.

Outro dos limites recomendados está relacionado com a taxa de esforço das famílias. Os bancos não devem conceder créditos que, mesmo com uma subida de juros, venham a absorver mais de metade do rendimento das famílias. Ainda assim, apesar dessa regra geral, o Banco de Portugal admite casos em que se possa ter taxas de esforço mais altas.

Os prazos dos empréstimos são outra fonte de preocupação. O Banco de Portugal não quer contratos de mais de 40 anos nos novos créditos á habitação e pretende uma “convergência gradual para uma maturidade média de 30 anos até final de 2022”. Já no crédito ao consumo, o prazo fica limitado a dez anos.

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