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Os bancos apertaram as condições para conceder empréstimos a famílias e a empresas. A maior restrição na concessão de crédito que se verificou no terceiro trimestre vai continuar até ao final do ano, pelo menos. No caso dos empréstimos às empresas, o acesso até vai ser mais condicionado. A informação foi divulgada ontem pelo Banco de Portugal no Inquérito aos Bancos sobre o Mercado de Crédito.
“No terceiro trimestre de 2020, os critérios de concessão de crédito a empresas e a particulares tornaram-se ligeiramente mais restritivos face ao trimestre anterior”, refere o relatório. “Para esta evolução contribuíram a maior perceção e a menor tolerância de riscos por parte dos bancos”.
O inquérito destaca que, “no crédito a particulares, a perceção de riscos associados à situação e perspetivas económicas gerais contribuiu para o aumento da restritividade nos empréstimos à habitação e ao consumo”. Os bancos indicaram também uma “menor tolerância de riscos nos empréstimos ao consumo” e, para o último trimestre do ano, os bancos “antecipam critérios ligeiramente mais restritivos no crédito a empresas e praticamente inalterados no crédito a particulares”.
Procura sobe nas famílias
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Entre julho e setembro deste ano, o relatório revela que a procura de empréstimos por parte de empresas caiu ligeiramente, “e de forma mais acentuada no caso de grandes empresas”. No caso dos particulares, a procura aumentou ligeiramente no crédito à habitação e permaneceu inalterada no crédito ao consumo.
“Neste segmento, o nível geral das taxas de juro contribuiu para aumentar a procura, especialmente de empréstimos à habitação, e, em sentido contrário, a confiança dos consumidores contribuiu para a sua diminuição, sobretudo no segmento do consumo”, indicou o relatório. Para o quarto trimestre de 2020, “os bancos anteveem uma diminuição da procura de crédito por parte das empresas, transversal ao tipo de empresa e maturidade do empréstimo, mas mais acentuada nas PME e nos empréstimos de longo prazo”. Quanto aos particulares, prevê-se “um aumento da procura de crédito ao consumo e uma estabilização da procura de crédito à habitação”.
Segundo o Banco de Portugal, os empréstimos a particulares subiram para 119,8 mil milhões de euros em setembro, de 119,5 mil milhões de euros em agosto, de acordo com dados divulgados ontem. “A tva (taxa de variação anual) dos empréstimos a particulares para habitação foi de 2,0%, refletindo uma subida de 0,2 pontos percentuais (pp) face a agosto. Nos empréstimos para consumo, a tva situou-se nos 2,7%, menos 0,9 pp do que no mês anterior”, revelou.
Mas os portugueses também voltaram a reforçar a poupança através de depósitos bancários, no mês de setembro, em plena crise económica provocada pelas medidas adotadas no âmbito do combate à epidemia do novo coronavírus.
“Os depósitos de particulares nos bancos residentes totalizavam 158,1 mil milhões de euros no final de setembro”, referiu o Banco de Portugal numa atualização do seu Boletim Estatístico. O regulador financeiro adiantou que a taxa de variação anual foi de 7,0%, valor em 0,2 pp acima do registado em agosto.
Os portugueses têm vindo a rechear as suas contas durante a fase de pandemia. No mês de julho, foi atingido o valor recorde nos depósitos, com um montante de 159,2 milhões de euros depositados pelos particulares. O montante recuou no período de férias e voltou a subir em setembro.
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