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O crédito à habitação continua a bater recordes. No ano passado, os bancos concederam 14,7 mil milhões de euros às famílias portuguesas, fechando um total de 116,6 mil contratos. Trata-se de um crescimento de 36,5% e 28,7%, respectivamente, o maior salto desde 2017. O que significa que, em média, foram celebrados 9.720 contratos de crédito à habitação por mês no montante de 1230,4 milhões de euros, de acordo com os dados publicados esta quinta-feira pelo Banco de Portugal.
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A proporção de empréstimos à habitação com taxa variável continua a representar a maior fatia dos contratos celebrados em 2021 (84,9%), tendo mesmo aumentado face a 2020 (82,5%). Pelo contrário, o peso dos créditos com taxa mista – que têm um período inicial de taxa fixa seguido de um período de taxa variável – passou para 10%, o que compara com os 11,9% em 2020. Os contratos com taxa fixa, que impedem alterações da prestação no caso da subida da Euribor como tem acontecido, representaram 5,1% , o que compara com 5,6% em 2020, segundo o relatório de Acompanhamento dos Mercados de Crédito, que o analisa a evolução dos mercados do crédito à habitação e hipotecário e do crédito aos consumidores.
O spread médio cobrado pelos bancos nas novas transações, ou seja, a margem cobrada pelos bancos e que varia em função do perfil de cliente, situou-se nos 1,14 pontos percentuais, um valor próximo ao registado em 2020 (1,19).
No que toca ao prazo médio, baixou nos novos contratos para 32,9 anos, um número que compara com 33,1 anos em 2020 e que segue em linha com as novas regras que os supervisor tem implementado de modo a que não se voltem a repetir excessos que levaram a crise passadas. Aliás, para prevenir esse risco, o BdP tem introduzido travões ao crédito. Desde abril deste ano que vigoram novas regras para limitar os prazos máximos de pagamento dos contratos consoante a idade dos titulares, medida que se juntou a outras limitações relacionadas com o montante do empréstimo e valor do imóvel e também às taxas de esforço.
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Pelo contrário, no final do ano, os contratos em carteira tinham um prazo médio de 33,5 anos, acima do prazo de 2020 (33,3 anos). Segundo o Banco de Portugal, este aumento pode estar relacionado com o regime de moratórias, que foi acompanhado por um aumento da maturidade dos contratos.
Renegociações disparam
O fim das moratórias fez disparar as renegociações de crédito. Segundo o supervisor, “o aumento de 36% das renegociações foi muito superior ao verificado em 2020 e registou-se num contexto de cessação do regime da moratória pública, que ocorreu em setembro de 2021 para a generalidade dos contratos”. Isto apesar de os mutuários não se encontrem em situação de incumprimento na maior parte dos contratos renegociados (88,8%), à semelhança dos anos anteriores, como sublinha o Banco de Portugal. O número de créditos da casa renegociados em que os contratantes estava em situação de incumprimento aumentou 26,6%, mas de forma menos significativa do que o número de contratos em não existia qualquer incumprimento (mais 37,2%).
No total, foram renegociados 33.639 contratos de crédito , que corresponderam a um montante total de e 3,1 mil milhões de euros, um aumento de 24%, face a 2020. este “disparo” pode estar relacionado com o baixo número de renegociações verificado em 2020, ano em que entraram em vigor as moratórias, e com a antecipação da cessação deste regime, que ocorreu em setembro de 2021. Para alguns contratos o prazo foi largados até 31 de dezembro desse mesmo ano.
Das renegociações realizadas em 2021, 29,6% alteraram apenas o período de carência de capital e 11,5% alteraram simultaneamente o spread e outras condições com efeito financeiro.
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