//Bancos ganharam mais de 5,2 milhões por dia

Bancos ganharam mais de 5,2 milhões por dia

Quatro dos maiores bancos a operar em Portugal – CGD, Santander Portugal, BPI e BCP – fecharam as contas do ano passado com lucros de 1933,2 milhões de euros. São mais 145,5 milhões (+8,1%) do que em 2018. Contas feitas, lucraram por dia 5,29 milhões, em grande parte devido à venda de ativos e ao aumento das comissões.

“São os melhores resultados do banco nos últimos 12 anos”, declarou Miguel Maya, presidente executivo do BCP, ontem, na apresentação dos resultados. O banco fechou o ano com lucros consolidados de 302 milhões, mais 900 mil euros (+0,3%) do que em 2018, num ano “adverso para o setor financeiro por múltiplas razões”, nomeadamente as baixas taxas de juro, a guerra comercial e o brexit.

A expansão dos proveitos core em 6,9% e a redução das imparidades e provisões em 9,9% explicam os bons resultados. Com uma boa ajuda da subida de 5,9% nas comissões bancárias. E os resultados só não foram melhores por causa da quebra nos lucros do polaco Bank Millennium.
O banco ainda não definiu quanto é que irá pagar em dividendos aos acionistas. Mas tendo em consideração o enquadramento do setor financeiro, Miguel Maya garantiu que a proposta apresentada será “de grande prudência” e “muito conservadora”. No ano passado, entregou aos seus 160 acionistas 30,2 milhões de euros.

O campeão dos lucros acabou por ser a Caixa Geral de Depósitos. “Conseguimos ter contas que permitem continuar a devolver dinheiro aos contribuintes portugueses e a gerar valor. E também conseguimos ter contas que vão ao encontro dos compromissos que o Estado português assumiu”, salientou Paulo Macedo, CEO da CGD, no início do mês, na apresentação dos resultados de 2019.

O banco público apresentou lucros de 776 milhões de euros, mais 280 milhões (+56,5%) do que em 2018. Para estes números contribuíram os resultados extraordinários obtidos com a venda do espanhol Banco Caixa Geral (384 milhões de euros) e do sul-africano Banco Mercantile (215 milhões). Mas também o aumento das comissões bancárias e a redução dos custos do banco, que permitiram compensar a quebra de mais de 4% na margem financeira consolidada, reflexo das taxas de juro em níveis historicamente baixos e dos “elevados reembolsos antecipados de crédito por parte de entidades públicas”.

Com estes números, a Caixa, que desde 2016 já reduziu em 20% o número de trabalhadores, dos quais 575 só no ano passado, prevê pagar ao Estado, único acionista, qualquer coisa como 300 milhões de euros em dividendos. Mais 100 milhões do que um ano antes.

“Foi um bom ano. É o melhor resultado de sempre”, exclamou Pedro Castro de Almeida, o presidente executivo do Santander Portugal, na apresentação das contas, nos primeiros dias de fevereiro. O banco de capitais espanhóis fechou as contas de 2019 com lucros de 527,3 milhões de euros, mais 27,3 milhões (+5,5%) do que um ano antes, apesar de ter sido “um ano complexo tendo em conta os juros negativos”. O aumento do produto bancário (+7%) e das comissões (+4,8%), a par da redução de custos operacionais (-2,9%) explicam os bons resultados do banco, que no ano passado reduziu em 249 o número de colaboradores e fechou 30 agências.

O Santander Portugal, que nos últimos anos comprou as operações do Banif e do espanhol Banco Popular, deixou já claro que não está interessado em adquirir mais bancos. “Não, não estamos a olhar e não estamos interessados”, garantiu, perentório, Pedro Castro e Almeida na apresentação das contas.

“O Santander tem uma quota de mercado de 20%. Não nos parece, com uma quota relevante que já temos — em Portugal e Europa — que o grupo queira continuar a investir na Europa. O nosso crescimento aqui é de crescimento orgânico”.

O ano correu menos bem para o BPI. O banco controlado pelos espanhóis do Caixabank somou lucros de 327,9 milhões de euros, menos 162,7 milhões (-33%) do que um ano antes, apesar do aumento das comissões e da venda de créditos não produtivos (malparado) e de ativos imobiliários. Mas a quebra é explicada, em grande parte, pelo facto de, em 2018, “se terem verificado impactos positivos extraordinários significativos, de 178 milhões de euros, que corresponderam essencialmente a ganhos com a venda de participações”.

Pablo Forero, presidente do BPI, deixou uma nota positiva para as famílias com empréstimos à banca: “Estamos a tentar manter a quota de mercado de crédito sem fazer uma guerra de preços, mas está cada vez mais difícil” e “antecipamos que em 2020 os spreads voltem a cair ainda mais”. Especialmente no crédito à habitação.

Para fechar o top dos maiores bancos só faltam as contas do Novo Banco. A instituição presidida por António Ramalho só apresenta contas no dia 28, mas nos nove meses de 2019 teve prejuízos de 572,3 milhões de euros, um agravamento de 46,4%, por causa de perdas relativas ao processo de reestruturação e venda de ativos não produtivos.

O Novo Banco ainda tem um caminho a fazer de “limpeza” do passado até ser lucrativo. Os resultados de 2019 “serão ainda impactados por aquilo que é este processo de normalização”, confessou Luís Ribeiro, administrador do Novo Banco, em recentes declarações ao Dinheiro Vivo.

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