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Na primeira metade do ano, a CGD, o Santander Totta, o BPI e o BCP aumentaram os lucros em 75 %, face ao mesmo período do ano passado. No total, os quatro bancos somaram ganhos de mil milhões de euros, quando no mesmo período de 2021 o resultado destas instituições financeiras se tinha situado em 574,7 milhões de euros. Todos os banqueiros rejeitam “lucros excessivos” e “caídos do céu” e defendem que o setor já tem uma carga fiscal pesada.
A CGD foi responsável por quase metade do total dos lucros dos maiores bancos conhecidos até agora. A instituição liderada por Paulo Macedo fechou o primeiro semestre com 486 milhões de euros. Trata-se de uma subida de 65% face aos 294 milhões de euros registados no período homólogo. Esta evolução é explicada por “um menor custo do risco de crédito no período após a fase mais aguda da pandemia Covid-19 e a venda de alguns ativos “não core” [não estratégicos], bem como o contributo da atividade internacional para o resultado líquido do Grupo, no valor de 109 milhões de euros, cerca de 22% do total”, detalhou o banco público em comunicado.
A CGD registou uma melhoria em 21% da margem financeira para 591 milhões de euros e uma redução de provisões e imparidades no valor de 334,7 milhões, com as imparidades de crédito a diminuírem 197 milhões de euros.
O Santander Totta registou o segundo maior lucro, tendo quase triplicado os resultados para 241,3 milhões de euros. No primeiro semestre do ano passado, o número tinha ascendido a 81,4 milhões de euros. Parte deste resultado é justificado com o encargo extraordinário de 165 milhões de euros para o plano de saídas dos trabalhadores, um custo não recorrente que agora deixou de ser contabilizado.
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Ao contrário do banco público, a margem financeira da entidade liderada por Pedro Castro e Almeida caiu 3,4% para 370,3 milhões de euros. E, como o banco adiantou, este indicador só deve melhorar no próximo ano.
O BPI alcançou lucros de 201 milhões de euros, um aumento de 9%. A atividade em Portugal contribuiu com 85 milhões de euros, o que corresponde a um aumento de 17% relativamente ao semestre homólogo de 2021 excluindo extraordinários (ganho com a venda de créditos não produtivos e custos com reformas antecipadas e rescisões voluntárias).
Por fim, o resultado líquido do BCP sextuplicou para 74,5 milhões de euros à boleia da margem financeira e das maiores receitas com comissões. Naquele primeiro indicador, houve um aumento de 28,6% para 985,2 milhões de euros. Já as receitas com comissões cresceram 9,8% para 387,6 milhões de euros. Os resultados não foram maiores devido aos encargos extraordinários com a operação na Polónia.
Por conhecer estão ainda os resultados do Novo Banco que vão ser apresentados na segunda-feira, 1 de agosto, data que marca também a saída de António Ramalho da presidência executiva.
Banca refuta “lucros excessivos”
Apesar de os bancos terem apresentado melhorias nos lucros, todos os banqueiros descartam falar em “lucros excessivos” e batem o pé em relação à eventual implementação de um novo imposto extraordinário sobre o setor, como aconteceu em Espanha.
“Não temos lucros excessivos, nem na margem. Tivemos felizmente várias áreas do banco a correr bem”, respondeu Paulo Macedo, em reação a perguntas sobre eventuais “lucros caídos do céu [windfall taxes]”. “A CGD e outros bancos todos os anos que tiveram prejuízos pagaram o imposto extraordinário”, recordou o líder do banco público, citado pela Lusa.
João Pedro Oliveira e Costa também criticou a nova taxa sobre lucros inesperados da banca criada em Espanha e recusa falar em ganhos excessivos. “Já temos uma solidariedade muito significativa, para além de pagarmos impostos”, apontou o CEO do BPI, deixando ainda o aviso de que o retorno dos capitais próprios da banca é baixo. “Os resultados podem parecer expressivos, mas não são”, advertiu.
O presidente do Santander Totta considerou que a aplicação em Portugal de um imposto semelhante ao de Espanha “não faz sentido”. Pedro Castro e Almeida deu ainda o exemplo dos impostos que a banca paga em Portugal e que não existe “nada comparável na Europa”. “Pagamos 21% de IRC, como pagam naturalmente todas as empresas, depois temos a derrama municipal que é 1,5%”. Além disso, continuou, “por ter lucros acima de um determinado montante pagamos mais a derrama de 9% e pagamos a contribuição especial sobre a banca, que é um custo, não é um imposto […] e mais ainda o adicional de solidariedade”, prosseguiu o gestor. Portanto, “em termos de impostos para a banca em Portugal, a minha questão é: se calhar está na altura de o tirar”, defendeu.
Já Miguel Maya referiu que não sabe “o que são para o BCP os proveitos caídos do céu, porque estamos com a rendibilidade do capital abaixo dos 3% e manifestamente insuficiente”. O CEO do BCP defendeu ainda que na última década os impostos foram “pesadíssimos”.
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