Os bancos que operam em Portugal reduziram mais de três mil trabalhadores e fecharam mais de 350 agências, entre 2020 e 2021.
“O número de agências e o número de trabalhadores […] continuaram a evidenciar o ajustamento iniciado por volta de 2010, quer na atividade doméstica, quer na internacional”, refere o Banco de Portugal (BdP).
Contas feitas, no ano passado trabalhavam na banca, em Portugal, 58.859 trabalhadores (em atividade interna e externa), menos 3.027 do que em 2020. Este é o número mais baixo desde o início da série, em 1990.
Em território nacional, estavam a trabalhar no último ano 43.726 colaboradores, são menos 2.163 do que os 45.889 de 2020. Este é também o número mais baixo desde o início da série.
No exterior, ao serviço de bancos no país, estavam 15.133 trabalhadores, que comparam com os 15.997 registados no ano anterior. É o valor mais baixo desde 2005.
Agências em mínimos de 29 anos
Os bancos estão também a cortar os balcões de atendimento. Em 2021 tinham 3.530 agências em Portugal, menos 297 do que as 3.827 que existiam em 2020. Este é o valor mais baixo desde 1993 (ano em que havia 3.129 agências).
Curiosamente, foi pouco depois da crise do ‘subprime’, em 2010, que Portugal registou o maior número de balcões: 6.453.
O setor bancário português manteve em 2021, pelo quarto ano consecutivo, resultados líquidos positivos.
Depois de vários anos negativos, que acompanharam a intervenção da troika, o sector tem mantido uma trajetória de recuperação. Nem a pandemia atirou a banca para terreno negativo.
“Entre 2011 e 2017, a rendibilidade do setor tinha sido negativa, com exceção de 2015, ano em que foi virtualmente nula”. Agora, sublinha o supervisor, “os resultados verificados nos últimos quatro anos (entre 0% e 0,5% do ativo) estão abaixo dos observados antes do início da crise financeira internacional, em 2008 (entre 0,5 e 1% do ativo).”
As perdas por malparado também estão em queda. Em 2021, o rácio de crédito vencido voltou a diminuir (pelo sexto ano consecutivo), para níveis próximos dos observados antes de 2008.
Por outro lado, “os ativos do sistema bancário aumentaram 14% entre 2019 e 2021, refletindo, sobretudo, o crescimento das disponibilidades colocadas nos bancos centrais e dos empréstimos a clientes, num contexto de abundância de liquidez e de incentivos à manutenção de linhas de crédito”.
Aumentam os pagamentos sem dinheiro físico
Os sistemas de pagamentos também voltaram a crescer em 2021, um sinal de recuperação da pandemia.
Estes dados mostram “um reforço das alterações ocorridas nas últimas duas décadas no que respeita à utilização dos diferentes instrumentos de pagamento: maior recurso aos meios eletrónicos, transferências, débitos diretos e operações baseadas em cartão, em detrimento dos meios tradicionais, como cheques, efeitos comerciais e letras, cada vez menos utilizados”, defende o BdP.
O supervisor sublinha ainda o “aumento do peso relativo das operações realizadas em ‘homebanking’ e das compras efetuadas, que incluem, nomeadamente, as operações em terminais de pagamento automático e as compras ‘online'”.
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