Prudência e cautela são palavras de ordem para o setor da banca em tempos de pandemia. Numa semana em que uma mão cheia de bancos apresentou as contas dos primeiros seis meses de um ano atípico, é notória a fatura da covid-19 nos lucros do BCP, Santander, BPI e CGD. Em conjunto, a pandemia “arrancou” 313 milhões aos lucros destes bancos, em comparação com o mesmo semestre de 2019.
O BCP, que foi o primeiro a apresentar resultados, revelou uma quebra de 55% nos lucros, para os 76 milhões de euros. Ainda assim, o banco liderado por Miguel Maya perdeu cerca de 93 milhões de euros até junho, face ao mesmo semestre de 2019, quando comunicou ao mercado um resultado líquido de 169,8 milhões de euros. Indicando que o banco “não faz previsões com o nível de incerteza do mercado”, Maya defendeu ainda a necessidade de ter uma estrutura resiliente.
Em relação ao plano de redução de trabalhadores anteriormente anunciado, o BCP refere que este não foi implementado “com o vigor” ambicionado devido ao atual contexto. “Para nós é importante fazê-lo e vamos fazê-lo, mas num momento em que o contexto económico não seja tão negativo.” Mesmo assim, o BCP reduziu a estrutura em 110 trabalhadores e menos 39 balcões, terminando junho com um total de 7154 pessoas e 493 sucursais.
Se o grupo Santander apresentou os piores resultados já vistos em mais de um século de atividade, a operação do banco espanhol em Portugal também viu o lucro reduzir-se no semestre. Com um resultado líquido de 172,9 milhões, o lucro caiu 38% em relação ao mesmo período de 2019. À semelhança da concorrência, o Santander refere que já esperava “o impacto importante associado à covid-19”. A nível de estrutura, o banco reduziu os trabalhadores em 167, contando com 6163 funcionários. Foram encerradas 25 agências até junho.
Coube a João Pedro Oliveira e Costa, CEO indigitado do BPI, apresentar resultados que classificou como positivos, enquadrados no momento económico. O banco apresentou menos 93% de lucros em Portugal, registando 6,5 milhões de euros até junho. Olhando para o mesmo semestre de 2019, trata-se de uma diferença de 80 milhões de euros.
Defendendo que as pessoas não podem ser vistas “como um Excel”, o banco teve uma redução residual de trabalhadores, com a saída de 23 pessoas. No mesmo período foram registados menos 29 balcões devido, em alguns casos, a fusões entre agências.
A Caixa Geral de Depósitos apresentou lucros de 249 milhões de euros até junho, representando uma variação negativa de 41% em relação a mesmo semestre de 2019. Paulo Macedo reforça que o banco público está assim numa “forte posição de liquidez sem necessidades de financiamento em mercado para os próximos anos”, com uma “robusta posição de capital, que permite à Caixa encarar com algum otimismo o esforço que terá de ser feito para responder aos impactos que ainda possam vir”.
NB agrava prejuízos
No caso do Novo Banco verificou-se um agravamento dos prejuízos no primeiro semestre. O banco liderado por António Ramalho teve prejuízos de 555,3 milhões de euros de janeiro a junho, ou seja, mais 38,8% que em igual semestre do ano passado, quando a instituição obteve um resultado líquido negativo em 400,1 milhões de euros.
Tal como os outros bancos, o NB disponibilizou linhas protocoladas com o Estado e moratórias de crédito. Quanto às moratórias, no final de junho, tinham sido aprovadas operações no valor de 6,8 mil milhões de euros para mais de 38 mil clientes. Terminou a primeira metade do ano com menos 15 balcões abertos (386 no total) do que no primeiro semestre de 2019.
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