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Seis dos principais bancos do mercado português perderam 1016 trabalhadores entre setembro de 2019 e o mesmo mês deste ano. O número de agências também se reduziu e há hoje menos 187 em todo o país do que em setembro do ano passado. Os dados são relativos aos bancos BCP, BPI, Caixa Geral de Depósitos, Santander Portugal, Novo Banco e Montepio e mostram um setor a lutar para cortar custos.
O banco que mais reduziu o número de colaboradores foi a estatal CGD, que tem menos 602 trabalhadores do que no fim de setembro do ano passado. Segue-se o Santander, com menos 194 trabalhadores e o BCP, com menos 107 funcionários. Também o número de agências encolheu e passou a haver menos 187 balcões em todo o país. Aqui, o banco que mais reduziu a sua presença no território foi o Santander, com o fecho de 46 balcões. Segue-se o BPI, cuja rede perdeu 42 agências e o BCP que passou a contar com menos 37 agências.
O setor prepara-se para emagrecer ainda mais os seus quadros, bem como o número de agências. Montepio e Santander são duas instituições que têm em curso processos de redução do número de efetivos. A expectativa dos analistas é que em 2021 prossiga a tendência, devido à crise económica provocada pelas medidas adotadas pelo governo no âmbito da epidemia de covid.
Perdas de 1031 milhões
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A crise levou os bancos também a perder lucros. Ao todo, os seis bancos reduziram o seu resultado líquido em 1031 milhões de euros, comparando com o observado em setembro de 2019. Isto porque os bancos tiveram de pôr de lado uma almofada para acomodar possíveis perdas com créditos de clientes ou outras.
No global, os bancos puseram de lado 1989 milhões de euros para eventuais perdas, sobretudo com créditos. Só o Novo Banco provisionou 833,3 milhões de euros, mais 229,7 milhões do que o montante provisionado em setembro de 2019.
Os dois únicos bancos a reportar prejuízos foram, ainda assim, o Novo Banco e o Montepio. No caso do Novo Banco, registou um prejuízo de 853,1 milhões de euros nos nove meses de 2020, um agravamento face aos 572,3 milhões de euros obtidos em igual período do ano passado.
O Montepio passou de um lucro de 17,7 milhões de euros para um prejuízo de 56,8 milhões de euros nos nove meses deste ano. No total, incluindo os prejuízos destes dois bancos, o setor registou perdas de 31,6 milhões de euros.
Das piores crises de sempre
Os bancos enfrentam hoje uma das maiores crises de sempre. A paragem da atividade económica provocada pelo confinamento forçado da população entre meados de março e início de maio provocou o fecho de empresas e o desemprego disparou. O governo e o setor financeiro implementaram moratórias no crédito para apoiar famílias e empresas a lidarem com a quebra de rendimentos. A medida também trava o registo pelos bancos de uma subida do crédito malparado.
As principais moratórias, que abrangem o crédito à habitação, tiveram o seu prazo alargado para setembro de 2021. Mas o governo anunciou um confinamento parcial e a expectativa dos analistas é de que o Executivo vai continuar a copiar medidas implementadas noutros países, incluindo o confinamento total, quando em dezembro dispararem os casos positivos ao novo coronavírus e subir o número de mortes de pessoas com teste positivo ao vírus.
Por isso, espera-se que os bancos reforcem no quatro trimestre o montante que têm de lado para cobrir eventuais perdas futuras, o que deverá afetar mais os seus resultados.
Com as medidas adotadas pelo governo já neste mês de novembro, empresas, restauração e comércio deverão sofrer mais uma redução das vendas. “Terá um impacto económico maior do que era esperado nesta altura”, alertou João Pedro Oliveira e Costa, CEO do BPI, na apresentação dos resultados. Perante a expectável deterioração económica, com aumento das insolvências e o desemprego a crescer a um ritmo recorde, os bancos irão ter de reforçar as almofadas para lidar com perdas.
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