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O Banco de Portugal prevê que a chamada bazuca europeia tenha um impacto no produto interno bruto (PIB) entre 1,1% e 2% em 2026 e crie cerca de 70 mil empregos neste horizonte de análise.
As previsões partem do princípio de que as subvenções, no montante de 13,9 mil milhões de euros, “serão utilizadas para financiar investimentos públicos (cerca de dois terços do total) e privados”, inscritos no plano de recuperação e resiliência (PRR) do governo, refere o banco central nacional no Boletim Económico divulgado esta sexta-feira, 26 de março.
“O PRR considerado neste exercício corresponde à versão apresentada para consulta pública no dia 15 de fevereiro. Os resultados apontam para que o nível do PIB em 2026 seja entre 1,1% e 2,0% superior ao que ocorreria na ausência do PRR”, avança o supervisor.
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O Banco de Portugal aponta para um “impacto significativo” na economia, “contribuindo para uma recuperação mais rápida da crise pandémica”, mas alerta para a elevada incerteza, fatores que podem alterar a trajetória, nomeadamente, a capacidade de absorção dos fundos europeus, “a repartição entre investimento público, investimento privado, a despesa corrente ou a “posição cíclica da economia”.
Em concreto, o banco central nacional chama a atenção para “as questões de implementação prazos e agilização – e governação – controle, transparência e eficiência dos projetos – do PRR. A magnitude do estímulo financeiro e os prazos de execução do plano constituem desafios importantes à sua implementação”, ou seja, a capacidade do país conseguir aproveitar estes fundos em toda a sua dimensão.
E deixa um aviso: “o impacto permanente destes fundos depende da capacidade de Portugal para absorver recursos disponíveis e gerar um fluxo mais permanente de atividade, que sobreviva ao período em que os estímulos financeiros ocorrem. Estes recursos financeiros poderão traduzir-se em poupanças de despesa pública e privada no futuro que, se utilizadas de forma eficiente, levarão ao aumento da capacidade produtiva.”
Diferentes modelos, diferentes resultados
A amplitude das previsões avançadas pela equipa do departamento económico do Banco de Portugal (BdP) resulta dos diferentes modelos econométricos utilizados para o exercício: o primeiro é o modelo de médio prazo “habitualmente usado nas projeções publicadas pelo Banco de Portugal, que capta principalmente os efeitos do lado da procura”.
O segundo, é modelo estrutural de equilíbrio geral para a economia portuguesa (o modelo PESSOA) que permite identificar efeitos macroeconómicos de choques exógenos do lado da procura ou da oferta”.
O terceiro exercício do BdP “baseia-se numa abordagem de contabilidade do crescimento setorial, assente em hipóteses relativas à acumulação de capital, a alterações dos coeficientes tecnológicos das funções de produção setoriais e ao aumento da produtividade total dos fatores (PTF). Este exercício permite avaliar o impacto na atividade e no emprego dos setores no final do período, decorrentes dos investimentos previstos no PRR.
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