//BCE corta a fundo na previsão de 2020: recessão da zona euro chega a 8,7%

BCE corta a fundo na previsão de 2020: recessão da zona euro chega a 8,7%

A recessão da zona euro deve chegar a 8,7% ou pior, este ano, anunciou a presidente do Banco Central Europeu (BCE), esta quinta-feira.

Há três meses, estava a crise a começar, os economistas do BCE ainda previam um ténue crescimento de 0,8%, mas Christine Lagarde vem hoje dizer que esse valor “teve uma revisão em baixa de 9,5 pontos percentuais” face há três meses. A atividade deve agora sofrer uma contração de 8,7% em 2020, prevê Frankfurt agora.

Recorde-se que no final de abril, Lagarde já tinha acusado a forte degradação da atividade económica por causa da crise do coronavírus.

Na altura, a chefe do BCE disse que a sua equipa de economistas “está a projetar uma contração do produto interno bruto (PIB) da zona euro entre 5% e 12% em 2020”. Neste intervalo, o ponto médio dá uma recessão de 8,5%.

Ou seja, agora em junho, o BCE está ainda mais pessimista, apontando para uma contração anual de 8,7% (ponto médio).

“A queda da atividade em abril sugere que o impacto deve ser mais severo no segundo trimestre”, tinha avisado Lagarde há pouco mais de um mês.

A ex-líder do FMI também mostrou grande pessimismo quanto ao futuro próximo, dizendo que a economia deve piorar e afundar ainda mais neste segundo trimestre, podendo a queda chegar a 15%. Mas depois confessou não saber bem o que aí vem porque “a incerteza é muito elevada”.

Esta quinta-feira, Lagarde explicou que a quase duplicação da bazuca pandémica (o plano de compras adicionais de dívida pública anunciado a 18 de março, basicamente), que também foi prolongada por mais seis meses, pelo menos, até meados do ano que vem, e a manutenção de todas as outras bazucas já em funcionamento que estão a inundar os bancos com dinheiro barato ou a custo zero, mais as taxas de juro em mínimos, tudo isto é uma resposta à situação altamente depressiva da zona euro, este ano, sinalizou a líder do BCE.

As projeções macroeconómicas dos economistas do Eurossistema de junho de 2020 para a atividade da zona euro, dizem que no cenário base, o produto interno bruto real anual (PIB real anual) deverá cair 8,7% em 2020 e recuperar 5,2% em 2021 e 3,3% em 2022.

BCE

Fonte: BCE

Em comparação com as projeções macroeconómicas de março de 2020, o crescimento “foi revisto substancialmente para baixo em 9,5 pontos percentuais em 2020 e para cima em 3,9 pontos percentuais em 2021 e 1,9 pontos percentuais em 2022.

Ou seja, a recessão deste ano vai ser ainda mais cavada do que se pensava, a retoma do próximo anos será mais forte, podendo chegar aos referidos 5,2% de crescimento.

O BCE também está visivelmente mais pessimista do que as outras grandes instituições relativamente a 2020.

No início de abril, o FMI previu uma contração de 7,5% em 2020, no começo de maio, a Comissão europeia apontou para -7,7%.

Quanto à inflação, o BCE assume que não vai conseguir cumprir o seu mandato, que é ter a evolução dos preços no médio prazo num nível próximo mas abaixo de 2%.

Em 2019, mesmo sem estarmos em crise pandémica, a inflação da zona euro ficou-se por uns anémicos 1,2%. Este ano, os preços ficarão praticamente estagnados (0,3%), no ano que vem, a inflação fica-se pelos 0,8% e no seguinte sobe para apenas 1,3%, dizem as novas projeções de junho do BCE. Sempre longe da meta de 2%, portanto.

(atualizado às 15h40 com gráfico)

Ver fonte