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O Banco Central Europeu (BCE) deve aumentar as taxas de juros em 50 pontos base em fevereiro e março e continuar a subir as taxas nos meses seguintes. A previsão foi feita este domingo por Klaas Knot, membro do Conselho do BCE e presidente do De Nederlandsche Bank (o banco central dos Países Baixos), em entrevista à emissora neerlandesa WNL e citado pela Reuters.
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“Esperem que subamos as taxas em 0,5% em fevereiro e março e esperem que não fiquemos por aqui e que mais passos se seguirão em maio e junho”, disse Knot.
Numa outra entrevista também publicada este domingo, mas ao jornal italiano La Stampa, o presidente do banco central neerlandês disse ainda que é “muito cedo para dizer” se o BCE pode desacelerar o ritmo dos seus aumentos de juros até o verão.
“A dada altura, é claro, os riscos em torno das perspectivas de inflação vão tornar-se mais equilibrados”, afirmou Knot. “Esse será também o momento em que poderemos dar mais um passo para baixo de 50 para 25 pontos base, por exemplo. Mas ainda estamos longe disso.”
Klaas Knot recordou ainda que “reduzimos em dezembro de 75 para 50 pontos base, e esse será o ritmo para várias reuniões”, afirmou o neerlandês ao La Stampa. “Isso significa que o faremos nas próximas duas reuniões, em fevereiro e março”.
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Na mesma entrevista, o presidente do banco central dos Países Baixos garantiu que “não é um falcão”, sublinhando que a “inflação é o pior imposto sobre os cidadãos”.
Subida resultou de um compromisso
O Conselho do Banco Central Europeu (BCE) decidiu em dezembro subir as taxas de juro em 50 pontos base, com o compromisso de as aumentar mais significativamente a um ritmo sustentado, indicam as atas dessa reunião divulgadas na última quinta-feira.
A última reunião de política monetária do BCE decorreu no dia 15 de dezembro e as atas mostram que “um grande número de membros expressou inicialmente a preferência por aumentar as taxas de juro em 75 pontos base dado que se espera que a inflação seja bastante elevada durante demasiado tempo”.
Esses membros consideraram que a deterioração das perspetivas de inflação requeria um aumento das taxas de juro maior do que os mercados descontavam.
Mas alguns desses membros concordaram em apoiar um aumento de 50 pontos base se a maioria apoiasse a proposta do economista-chefe, Philip Lane, de manifestar disponibilidade para subir as taxas de forma mais significativa a um ritmo sustentado.
O BCE decidiu então aumentar as suas taxas de juro em 50 pontos base, um abrandamento em relação às duas subidas anteriores, que foram de 75 pontos base.
A taxa de juro das principais operações de refinanciamento ficou em 2,5%, o nível mais alto desde finais de 2008, a taxa de depósitos em 2% e a taxa de juro aplicada à facilidade permanente de cedência de liquidez passou para 2,75%.
No comunicado divulgado após a reunião, o BCE indicou que tenciona continuar a aumentar as taxas de juro “porque a inflação permanece demasiado elevada” e espera-se que continue acima do objetivo “durante demasiado tempo”.
Na conferência de imprensa que se seguiu à reunião, Christine Lagarde insistiu: “devem esperar que continuem as subidas das taxas de juro a um ritmo de 50 pontos base durante algum tempo”.
Lagarde defendeu ainda que “as taxas de juro têm que subir significativamente a um ritmo sustentado para alcançar os níveis suficientemente restritivos que assegurem o regresso da inflação a médio prazo ao objetivo de 2%”.
A presidente do BCE também explicou que houve consenso geral no Conselho do BCE sobre a estratégia e a orientação que deve ser seguida.
“Alguns defendiam que se fizesse mais e outros menos”, disse Lagarde, precisando que nem todos estiveram de acordo, mas que deve haver perseverança na luta contra a inflação.
A inflação na zona euro abrandou para 9,2% em dezembro.
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