O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mário Draghi, diz que há condições para fazer novos cortes nos juros de modo a combater a baixa inflação.
Draghi, que esta terça-feira abriu os trabalhos do Fórum do BCE, a decorrer em Sintra, garante que não há limites às medidas que podem vir a ser tomadas, caso haja necessidade.
“Os riscos que foram proeminentes ao longo do ano passado, em particular fatores geopolíticos, a crescente ameaça do protecionismo e vulnerabilidades nos mercados emergentes, não se dissiparam. O prolongamento dos riscos pesou sobre as exportações e, em particular, sobre a produção. Na ausência de melhorias, de modo que o retorno sustentado da inflação ao nosso objetivo esteja ameaçado, estímulos adicionais serão necessários”, disse o presidente do BCE.
“Novos cortes nas taxas de juros e medidas de mitigação para conter quaisquer efeitos colaterais permanecem como parte das nossas ferramentas”, acrescentou.
Draghi sublinhou, ainda, que “a política monetária permanece comprometida com o seu objetivo e não se resigna à inflação baixa demais, para sempre ou até mesmo por enquanto”.
“Paciência, persistência e prudência” continua a ser o mote. Foram as três palavras mais repetidas, em Sintra, pelo presidente do BCE, que está na recta final do mandato. Hoje, dedicou grande parte do discurso a justificar o objectivo central da instituição – manter a inflação nos 2% ou abaixo – e a falar dos desafios futuros.
Draghi lembrou que durante os primeiros 20 anos do euro este limite ajudou o BCE a ganhar credibilidade e os países aderentes a controlarem a inflação, mas este objectivo tem um preço: limita a capacidade de reação, algo que foi particularmente sentido após 2012.
No entanto, os 2% não são estanques, há margem para que a inflação possa ultrapassar este limite, tanto para baixo como cima, garante Mário Draghi. O BCE não é inflexível, desde que “o caminho da inflação continue orientado para convergir neste objectivo, no horizinte do médio-prazo”.
Além da inflação, o BCE tem de dar especial atenção aos juros negativos. Mário Draghi admite que as baixas taxas de juro têm ajudado a economia, mas são um novo desafio para a autoridade monetária.
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