//BCE. Lucros muito altos nas empresas também podem ser um problema para a inflação

BCE. Lucros muito altos nas empresas também podem ser um problema para a inflação

Não são apenas os aumentos salariais que preocupam os banqueiros centrais da zona euro. Desde sempre, os altos responsáveis da política monetária têm alertado contra os chamados efeitos de segunda ordem que dão ainda mais gás à inflação e, no limite, dificultam o trabalho do Banco Central Europeu (BCE), que é manter a inflação em torno dos 2%.

Os salários costumam ser os principais (muitas vezes os únicos) visados nesta narrativa. Mas parece que nesta nova era monetária há um segundo alvo: os empresários que aumentam margens de lucro de forma significativa num contexto de inflação muito elevada.

Também isso pode trazer problemas para o controlo da inflação, avisa agora um estudo do BCE. Tal como os salários, as margens das empresas (lucros) também são preços a ter em conta na condução da política monetária.

Se forem muito elevados no atual contexto de inflação já de si anormalmente alta (está agora nos 9% na zona euro, 9,1% em Portugal, segundo as últimas leituras, relativas a julho), isso pode contribuir para que o banco central acelere ou aumente ainda mais as taxas de juro de modo a arrefecer a economia e os preços.

Um novo estudo publicado pelo Banco Central Europeu (BCE) no boletim económico de agosto indica que os lucros das empresas (sobretudo se excessivos e desligados dos fundamentos económicos) também fazem parte da equação e são um risco que pode alimentar a cavalgada dos preços.

“Uma inflação elevada e persistente aumenta o risco de efeitos de segunda ordem que se materializam através de salários mais elevados e margens de lucro mais elevadas”, considera o estudo preparado pelos economistas do BCE Niccolò Battistini, Helen Grapow, Elke Hahn e Michel Soudan.