O Conselho de Governadores volta a reunir esta quinta-feira para avaliar as taxas de juro.
Não está tudo em aberto, porque a presidente do Banco Central Europeu já deixou claro que não haverá corte este mês nos juros, ou aumenta ou faz uma pausa.
Se mantiver as taxas inalteradas, será a primeira vez desde que começou este ciclo de aumentos, em julho de 2022. Desde então, a taxa de referência passou de 0% para 4,25%.
Se o BCE subir mais uma vez os juros, será o décimo aumento consecutivo.
O que vai determinar a decisão do BCE?
Christine Lagarde, Presidente do BCE, sublinhou que a decisão terá em conta todos os dados disponíveis e só esta quinta-feira serão divulgadas as novas projeções da autoridade monetária.
No entanto, já sabemos que a inflação em agosto manteve-se acima de 5%, com nove economias do euro acima da média, incluindo a Alemanha, França e Itália. Dados que não favorecem um alívio dos juros, segundo refere, à Renascença, o economista Luís Aguiar Conraria.
O especialista realça que o BCE “continua a ter a necessidade de combater, ativamente, a inflação”.
“Se olhássemos só para a inflação, não teria dúvida que subiriam as taxas de juro”, considera.
Por outro lado, as economias estão também em desaceleração, um argumento a favor de uma pausa pelo BCE.
Luís Aguiar Conraria refere que a Alemanha “prevê uma queda do PIB em 0,4%”, o que pode motivar a ponderação “do perigo das taxas de juro” na atividade económica.
Conraria diz ainda que os alertas de estagflação (inflação + recessão) deixados nos últimos dias por Vítor Constâncio, chegam tarde. A inflação já subiu e o antigo governador do Banco de Portugal foi um dos que apoiou a reação tardia do BCE.
Qual será, então, a decisão?
No mercado, ganha peso a probabilidade de uma pausa. Já o professor da Universidade do Minho aposta no aumento dos juros, mas abaixo de 25 pontos base.
O economista diz também “que a decisão não será unânime” e acabará por ser “um compromisso”.
Luís Aguiar Conraria afasta ainda uma subida sucessiva dos juros nos próximos meses, exceto se a inflação ficar descontrolada.
Já para 2024 aconselha baixas expetativas sobre um alívio dos juros, porque os riscos ainda são grandes.
“Neste momento, a incerteza é grande. Não sabemos como vai evoluir os preços dos cereais e os preços da energia. Não trabalhem na perspetiva da descida das taxas de juro”.
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