A polémica voltou a estalar esta quarta-feira, durante uma conferência de banqueiros. Os líderes dos principais bancos nacionais defenderam que os movimentos feitos no multibanco devem ter um custo para os clientes, porque essa é a regra nos restantes países da zona euro.
O CEO do Millennium BCP voltou a ser questionado sobre o tema na apresentação dos resultados do banco, que teve lugar esta quinta-feira. Miguel Maya voltou a sublinhar que “se estamos a construir uma união bancária”, as regras devem ser as mesmas para todos.
“Devíamos ter as mesmas regras para todas as instituições que atuam na união bancária, porque não concorremos só com os bancos da esquina. Através do digital, qualquer banco da zona euro pode ter uma relação com um cliente português. O mesmo negócio deve ter as mesmas regras”, defendeu.
Para Miguel Maya, a relação com os clientes “seria mais transparente se cada produto tiver associado os seus custos”. Para o banco, seria “correto tudo ter um preço e um preço equilibrado, justo e valorizado pelo cliente”.
O líder do BCP reforçou que “não passa pela cabeça” do banco ser capaz de mudar as regras, que em Portugal proíbem a cobrança dos movimentos no multibanco, mas afirmou que “tem de ser feito um esforço de convergência de regras para sermos competitivos e termos um setor financeiro competitivo na união bancária”.
O que vai mesmo passar a ser pago no BCP é o serviço MBWay. O banco já tinha informado que ia cobrar comissões na plataforma digital a partir de 17 de junho, e Miguel Maya confirmou a data durante a conferência de imprensa.
“O BCP quando lançou o MBWay disse que ia ser pago. Quando estamos a lançar um serviço queremos que os clientes testem o serviço e o valorizem. Chegou o momento de avançar com a cobrança de comissões”, destacou o CEO do banco.
Ainda assim, lembrou, 70% dos clientes do BCP vão ficar isentos das comissões, que vão oscilar entre os 0,52 e os 1,248 euros. As isenções incluem os jovens até aos 23 anos ou os clientes frequentes. A aplicação do banco no telemóvel tem o MBWay incluído e terá um custo, assegura Miguel Maya, “muito inferior”.
Ainda durante a apresentação dos resultados, que aumentaram 80% no primeiro trimestre para 154 milhões de euros no primeiro trimestre, Miguel Maya afirmou que “toda a estratégia” do banco tem em consideração o facto de a tecnologia estar a mudar os hábitos dos clientes e a forma de fazer banca, pelo que os investimentos do BCP são focados em “pessoas e tecnologia”.
“O digital não destrói empregos, o nosso quadro de pessoal até aumentou, porque estamos a recrutar para a área digital. Poderá haver uma redução de recursos mas não é esse o nosso foco. É a melhoria da qualidade do serviço ao cliente. Isto vai implicar novos quadros e a reconversão de postos de trabalho ao longo do tempo”, concluiu Miguel Maya. No primeiro trimestre foram contratados 150 colaboradores, a maior parte para a área digital.
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