//BCP e CGD de olho na “montra” para potenciais compras na banca

BCP e CGD de olho na “montra” para potenciais compras na banca

É nas crises que surgem, por vezes, as melhores oportunidades. E o Millenium bcp e a Caixa Geral de Depósitos (CGD) estão atentos. Essa foi uma das conclusões retiradas da 5ª edição da Money Conference, promovida pelo Dinheiro Vivo/TSF, desta vez sob o tema “A Banca no pós-covid-19”, que teve lugar na sexta-feira, em Lisboa, e que foi também transmitida online.

“Se houver uma oportunidade excelente, olharemos para ela e tomaremos essa decisão”, disse Miguel Maya, presidente-executivo do Millennium bcp na conferência. Mas sublinhou que a estratégia do banco passa pelo crescimento orgânico. “Não vou às compras, mas ando na rua e portanto, se vir alguma peça pendurada que possa ser do meu interesse olho para ela, analiso e tomarei as decisões. Mas não tenho nenhum interesse nisso”, sublinhou. Mas frisou que a estratégia do banco é muito clara. “Queremos crescer organicamente, portanto não temos nenhuma intenção de fazer parte ativa de processo de consolidação em Portugal, não está no nosso plano estratégico fazê-lo”.

No caso da CGD, o administrador-executivo do banco estatal, José João Guilherme, admitiu: “se um dia passarmos por uma montra e tivermos de comprar alguma peça de roupa, não digo que sim nem que não”. Mas o banqueiro lembrou que, na banca, “os temas das fusões e das aquisições tiveram custos muito bem definidos e proveitos totalmente indefinidos”. “Geralmente fusões são confusões e o custo de extração que uma fusão toma é de tal maneira grande que dilui-se no tempo e traduz-se, até, em perda de valor”, afirmou. Sublinhou que “aquilo em que a Caixa continuará a trabalhar é em baixar o custo de servir os seus clientes”.

A perspetiva de uma nova fase de consolidação no setor da banca na Europa – e em Portugal – é vista como uma das consequências da crise económica atual, provocada pelas medidas impostas pelo Governo no âmbito da epidemia, segundo a agência de notação financeira Standard & Poor”s. Em Portugal, a especulação em torno de eventuais movimentos de consolidação já tem existido e este ano intensificou-se, sobretudo em torno de bancos como o Novo Banco e o Banco Montepio.

Salvar empresas

Outra das conclusões que resultaram da conferência é que o Estado precisa apoiar mais as empresas dos setores mais afetados pela crise. O presidente-executivo do Banco BPI, João Pedro Oliveira e Costa, afirmou que a crise está a ter “impactos completamente assimétricos”, existindo “setores muitíssimo mais afetados para os quais os apoios não podem ser iguais aos outros, como a restauração”. Mas frisou que “a solução não passa por dar mais crédito, tem de se encontrar outras soluções e o BPI também está disponível para isso”.

Para o administrador executivo do Santander Portugal, Miguel Belo de Carvalho, é necessário pensar em soluções para ajudar os clientes quando acabarem os preços das moratórias – que vão até ao final de setembro de 2021. “Creio que a restauração é um dos setores em que, provavelmente, o Estado tem de dar mais apoios. Mas não se pode pedir aos bancos que concedam crédito se não tiverem capacidade de recuperar esses créditos, isso é uma mera destruição de valor. Cabe ao Governo trabalhar em soluções e a banca também está disponível, pelo menos o BCP está, seguramente, empenhado no desenho de soluções que possam ajudar esses setores muito específicos”, afirmou o CEO do Millennium BCP.