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O Bloco de Esquerda avança nesta terça-feira com um anteprojeto de lei para a adaptação das leis laborais ao trabalho nas plataformas digitais, segundo adianta o jornal Público. O objetivo é facilitar o reconhecimento de contratos de trabalho, quando sejam devidos, mesmo se os trabalhadores usarem meios próprios ou não estiverem sujeitos aos deveres de assiduidade e pontualidade.
O BE pretende, assim, rever a norma do Código do Trabalho que permite à Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) reconhecer falsas situações de trabalho independente, enquadrando estafetas de entregas, motoristas e outros trabalhadores de plataformas como Uber, Glovo, Bolt, Free Now, entre outras, entre aqueles que podem ver reconhecida a relação de trabalho dependente.
Segundo o Público, no anteprojeto do Bloco será determinante para reconhecer a existência desta relação haver um operador de plataforma que fixa preços da atividade, controla a mesma atividade através de algoritmos ou sistemas de geolocalização, além de avaliar e sancionar os trabalhadores.
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O partido quer também assegurar maior transparência dos algoritmos utilizados pelas plataformas, e que os trabalhadores sejam envolvidos na definição das regras que, através destas fórmulas, determinam distribuição de trabalho, tarifas ou sanções.
O jornal adianta ainda que o BE prevê ainda a revisão do regime legal do Transporte Individual e Remunerado de Passageiros em Veículos Descaracterizados a partir de Plataforma Eletrónica (TVDE), para pôr fim à figura do operador de TVDE. Está previsto, aliás, que este regime deve ser avaliado este ano, após três anos de aplicação.
Com estas propostas, o Bloco de Esquerda adianta-se assim na discussão sobre a regulação do trabalho em plataformas digitais lançada pelo governo no quadro do Livro Verde sobre o Futuro do Trabalho. O documento, cuja consulta pública termina hoje, sugere rever as regras de presunção de laboralidade prevista no Código do Trabalho para que se adaptem à situação destes trabalhadores. No Plano Nacional de Recuperação e Resiliência, o governo prevê avançar com uma proposta de lei sobre a matéria apenas no último trimestre de 2022.
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