José Berardo classifica de fake news as notícias que têm saído sobre a situação dos seus empréstimos. Numa intervenção inicial perante os deputados, o empresário encarregou o seu advogado de fazer uma intervenção inicial. André Luiz Gomes afirma que há informações que estão a ser veiculadas apenas para desviar atenções.
“São fake news ao serviço da desresponsabilização de terceiros. Desde que começaram a ser vazadas, o nome e situação creditícia [de Berardo] têm servido como justificação de todos os males da CGD nas duas últimas décadas”, disse o advogado.
André Luiz Gomes exemplifica com as notícias de que Berardo apenas tinha dado uma garagem na Madeira como garantia. “Aceitaria que ficassem com garagem em vez de todos os ativos que entreguei no período em que era importante que dívida não entrasse em incumprimentos por causa da fragilidade dos mercados financeiros e da situação do sistema financeiro”, disse o advogado em nome de Berardo.
Advogado de Berardo tenta travar transmissão da audição
O advogado de José Berardo considera que a transmissão pela AR TV é ilegal e pediu para que não seja emitida, que a sessão fosse apenas gravada, após a intervenção inicial, para efeitos de prova. André Luiz Gomes ameaçou que o “direito fundamental à imagem” ficou comprometido e que se sobrepõe ao interesse público. Considera que a AR TV é um órgão de comunicação social e por isso não deveria ser transmitida.
O presidente da comissão, Luís Leite Ramos, rejeitou essa pretensão. A decisão foi respaldada pela maior parte dos grupos parlamentares. De qualquer das formas, o advogado de Berardo disse que o empresário não ser iria pronunciar sobre o litígio que o envolve com a CGD e que não faria comentários em sessão pública sobre as reestruturações dos seus financiamentos nem a questões que extravasem o relacionamento direto no momento das contratações de crédito da Caixa.
Perdas de 150 milhões para a CGD
Segundo uma versão preliminar da auditoria da EY, a Fundação Berardo e a Metalgest deviam, no final de 2015, um total de 320 milhões à CGD. Desse montante, o banco público tinha assumido perdas superiores a 152 milhões de euros. Berardo é ainda um dos grandes devedores do BCP e do Novo Banco, com empréstimos próximos de cerca de 960 milhões de euros.
Esses bancos deram ordem para executar bens do empresário madeirense e de empresas relacionadas com Berardo. Segundo o Jornal Económico, querem executar a garantia de 100% da Coleção Berardo, que terá sido avaliada por alguns especialistas em 500 milhões de euros.
Os empréstimos do banco público ao empresário madeirense foram classificados por parte da EY como tendo resultado num elevado aumento de exposição ao risco. A auditora detetou exceções nessas operações face ao normativo e ao enquadramento regulamentar aplicável.
José Berardo beneficiou de créditos para comprar ações do BCP, apresentando apenas uma garantia de 100% desse valor em vez do rácio de cobertura de 120% previsto nas normas da CGD. Esses financiamentos foram concedidos na altura em que Carlos Santos Ferreira liderava o banco público. O antigo presidente da Caixa, que saiu desta instituição diretamente para o BCP, defendeu esses empréstimos e negou que houvesse financiamentos de favor.
Mas Eduardo Paz Ferreira, antigo presidente do conselho fiscal da CGD, disse que Berardo era tratado como pelos responsáveis do banco como um “cliente totalmente especial e à margem das regras”. Avisou ainda que seria “extremamente difícil” executar as garantias dadas pelo empresário.
Notícia atualizada às 15:30
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