O BE defendeu esta terça-feira a contratação de equipas de saúde pública que libertem os profissionais dos cuidados de saúde primários ocupados com a Covid-19 e, quanto à negociação do Orçamento, reiterou as prioridades assumidas no ano passado.
Estas posições foram transmitidas aos jornalistas pela coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, no Palácio de Belém, em Lisboa, após uma reunião com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que desde segunda-feira tem estado a ouvir os partidos com representação parlamentar.
“Da parte do BE, nós mantemos toda a disponibilidade para negociar, mas também exatamente as mesmas prioridades que já tínhamos tido no ano passado, até porque elas se provaram absolutamente fundamentais neste momento”, afirmou Catarina Martins, relativamente ao Orçamento do Estado para 2022.
A coordenadora do BE referiu que nesta audiência se falou da pandemia de Covid-19 e frisou que a negociação do Orçamento do Estado é feita “com o Governo, como é natural, que é quem tem a responsabilidade de fazer o Orçamento do Estado”, apesar das “preocupações naturais” do Presidente da República com esta matéria, “que tem feito públicas”.
“Se há uma restrição que achamos que tem de ser levantada é a restrição à atividade dos centros de saúde, das unidades de saúde familiares (USF), dos médicos de família, dos enfermeiros de família, e para isso é necessário claramente haver contratação de equipas de saúde pública, assumir que é preciso mais gente nos processos de vacinação, nos processos de rastreio de contactos e de testagem, para libertar os cuidados primários de saúde”, declarou.
Questionada sobre a negociação do Orçamento do Estado para 2022, Catarina Martins começou por se escusar a falar do assunto nesta ocasião, reiterando que o interlocutor do BE nesse processo é o Governo.
Perante a insistência da comunicação social, acrescentou que “o BE mantém exatamente as mesmas preocupações que já teve no ano passado e que, infelizmente, o Governo não acompanhou: preocupações com o emprego, preocupações com a proteção social, preocupações com o Serviço Nacional de Saúde (SNS), preocupações também com o sistema financeiro, que são conhecidas”.
“A vida veio dar-nos razão, porque tantas das insuficiências do Orçamento do Estado foram precisamente nestes pontos, e o Governo acabou até por ter de fazer legislação extra para correr atrás, digamos assim, do prejuízo”, alegou, considerando, porém, que as “medidas isoladas” não são a melhor solução, porque “deixam tanta gente de fora”.
Sobre a evolução da Covid-19 em Portugal e as medidas a adotar para conter a propagação desta doença, Catarina Martins disse ter transmitido a Marcelo Rebelo de Sousa que o Bloco entende que nesta “fase de transição”, com o avanço da vacinação, “há restrições de horário e de algumas atividades que não se provam úteis”.
“É preciso ir aliviando essas medidas, mantendo um processo de vacinação que seja o mais rápido possível e medidas de controlo como a testagem e o acompanhamento pela saúde pública dos infetados”, sustentou.
Em Portugal, já morreram mais de 17 mil doentes com Covid-19 e foram registados mais de 956 mil casos de infeção com o novo coronavírus, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS).
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