A Moody’s tirou Portugal de lixo na passada sexta-feira. Mas os investidores tiveram uma reação tímida a essa decisão que representa o pleno de avaliações de grau de investimento junto das mais influentes agências de notação. No mercado de dívida, a taxa das obrigações a dez anos ficou praticamente inalterada, pouco acima de 2%. Ainda passou abaixo da fasquia durante a sessão, mas interrompeu essa descida durante a tarde. E a bolsa desvalorizou 0,20%, um desempenho pior que o das pares europeias, devido sobretudo às descidas da Sonae e da Altri.
No mercado de dívida as taxas exigidas pelos investidores para deterem dívida portuguesa quase não se alteraram, horas antes do governo apresentar as propostas para o Orçamento do Estado. Tiveram uma subida ligeira de 2,008% para 2,015%, segundo dados da Reuters. Nas obrigações espanholas e italianas também não houve grandes oscilações, permanecendo em 1,699% e 3,564%, respetivamente. O efeito da saída de lixo da dívida portuguesa tinha já sido sentido no final do ano passado, altura em que tanto a Standard & Poor’s como a Fitch classificaram Portugal em grau de investimento.
Com a decisão daquelas duas agências Portugal conseguiu no início do ano entrar nos índices que agrupam a dívida soberana de maior qualidade, alargando a base de investidores e permitindo o investimento de entidades mais conservadoras, como fundos de pensões, por exemplo. Christian Lenk, analista do DZ Bank, salientou, citado pela Reuters, que a decisão da Moody’s não levará ao desbloqueio de fluxo de capital para a dívida portuguesa, porque esta já está integrada na maioria dos índices.
No entanto, o especialista sublinhou que “a melhoria da notação é ainda assim um ponto positivo. Apesar de não ser surpreendente, faz com que os investidores olhem uma segunda vez para as obrigações soberanas portuguesas”.
Bolsa desce. Mas BCP valoriza
E se no mercado de dívida não houve grande reação à saída de lixo na análise da Moody’s, na bolsa o desfechou foi pior. O PSI20 cedeu 0,20%, com 15 das 18 cotadas no vermelho. As maiores quedas pertenceram à Sonae e à Sonae Capital. Cederam mais de 3%, numa sessão em que o setor do retalho esteve sob pressão devido à derrocada de mais de 40% da distribuidora espanhola DIA.
Ainda assim, cotadas que tendem a ter um desempenho mais similar ao da dívida pública, como a banca e as elétricas, beneficiaram. O BCP, que sinalizou que irá regressar aos dividendos, valorizou 2,90% para 0,2344 euros.
A EDP e a REN subiram 0,43% e 0,86%, numa altura em que existem também alterações nos responsáveis governamentais pela pasta da Energia, que passa do ministério da Economia para o Ambiente e terá novo secretário de Estado. Segundo a SIC Notícias, João Galamba irá suceder a Jorge Seguro Sanches.
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