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Podem ser várias semanas a viver na incerteza, devido às eleições nos Estados Unidos, e os investidores preferem esperar. Depois de quatro dias seguidos a subir, as bolsas arrefeceram na sexta-feira. Mesmo assim, foi a melhor semana para as europeias desde o início de junho. A expectativa agora é de que o democrata Joe Biden seja o novo presidente dos EUA, mas sem controlo do Senado, que permanece nas mãos dos republicanos, o que deverá travar o avanço de regulações mais apertadas sobre as grandes empresas no país.
Os investidores estão, ainda assim, nervosos em relação às eleições americanas. O maior nervosismo foi espelhado no chamado “índice do medo”, o VIX, que mede a volatilidade esperada nas ações nos EUA no mês a seguir. O índice subiu para 27 quando a sua média de longo prazo é na casa dos 20. “A grande incerteza entre os investidores em relação às eleições presidenciais dos Estados Unidos deste ano concretizou-se: uma votação renhida e que quase certamente será contestado”, diz Enrique Díaz-Álvarez, chief risk officer na Ebury.
“Após um curto período de incerteza, acreditamos que Joe Biden obteve a maioria dos votos do Colégio Eleitoral para se tornar o próximo presidente dos EUA”, disse ontem Michael Strobaek, global chief investment officer do Credit Suisse, numa nota de análise. Que sublinha que Biden “provavelmente vai enfrentar uma divisão no Congresso”. “O Congresso dividido significa que é improvável que a administração Biden seja capaz de implementar mudanças políticas significativas”, frisou, com um “estímulo fiscal provavelmente menos generoso”.
Enquanto isso, “a pandemia continuará a representar um desafio aos ativos de risco nas próximas semanas, pelo que um pacote de estímulos provavelmente será importante para suportar os mercados”, salienta.
Biden defende também medidas mais restritivas à circulação de pessoas, no combate à pandemia da covid-19, a exemplo do que muitos países europeus já estão a adotar. “Qualquer de- senvolvimento desse tipo provavelmente manterá a volatilidade elevada para lá das eleições nos EUA”, referiu Michael Strobaek. “Na verdade, esperamos que os desenvolvimentos em torno da covid continuem a ser uma ameaça para os ativos de risco, que necessitarão de mais estímulos”, disse. Regionalmente, o Credit Suisse, continua a “preferir as ações chinesas”.
Investidores querem apostas seguras
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Ontem as ações europeias fecharam em baixa ligeira, depois de registar uma subida de 7% na semana. Também o índice S&P 500 nos EUA seguia a ganhar 7%. Além das incertezas políticas e económicas futuras nos EUA, os investidores temem os efeitos das medidas que governos europeus estão a adotar no âmbito da epidemia do novo coronavírus. O índice europeu Stoxx 600 deslizou ontem 0,2%. Em Lisboa, o PSI-20 recuou 1,57%, mas fechou a semana a ganhar 2,4%. Em todo o caso, a subida das bolsas nos últimos cinco dias surgiu depois de a semana anterior ter sido a pior desde março para os mercados acionistas.
Os investidores reposicionaram as carteiras e apostaram em empresas vistas atualmente como mais seguras, como as farmacêuticas e as tecnológicas. As renováveis e a banca estiveram entre as ações que foram penalizadas. Em Lisboa, o Millennium bcp conseguiu fechar a semana positivo, apesar da queda sofrida ontem. A EDP Renováveis valorizou 3% na semana passada.
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