//Bolsas com sinais de outubro vermelho. Mas há oportunidades

Bolsas com sinais de outubro vermelho. Mas há oportunidades

Outubro é habitualmente um dos meses mais temidos nos mercados financeiros. Por tradição é um mês de má memória para os investidores, com várias ondas de pânico nas bolsas a marcar os meses de outubro. Juntar outubro e 2020 dará um crash bolsista de dimensão histórica? Os analistas e economistas não antecipam tal cenário. Aliás, até apontam que podem surgir oportunidades para investir. Mas também não esperam que seja um mar de rosas.

Afinal, as medidas anticovid não estão a conseguir travar os novos casos positivos. Também sobe o número de mortes de pessoas que testaram positivo ao novo vírus. Os aumentos coincidem com a chegada do outono e do tempo mais frio e chuvoso no hemisfério norte. Coincide também com o regresso às aulas presenciais nas escolas e ao trabalho após o fim das férias de verão. “O ambiente nos mercados vai depender da contagem dos números da covid”, diz Pedro Lino, economista da Dif Broker e Optimize. “Precisamos duma vacina para tranquilizar e diminuir o medo”, sublinha.

O clima de medo está instalado na população, agora impulsionado pelo aumento de casos e contínua divulgação das contagens de infetados e mortos. Os investidores estão à beira de um ataque de nervos temendo que os governos de vários países forcem os cidadãos a novo confinamento. “Se houver mais um confinamento entre outubro e novembro, teremos um problema gravíssimo na economia e nos mercados”, avisa Pedro Lino.

No primeiro confinamento, que em Portugal durou entre meados de março e o início de maio, houve índices e setores a registar perdas superiores a 40%. “Se houver um novo confinamento, os setores mais expostos são os da banca, do turismo e da aviação”, aponta o economista. Estas são as áreas a evitar pelos investidores.

A segunda variável em outubro é a aproximação das eleições presidenciais nos EUA. Donald Trump tem alertado para a possível ocorrência de fraude eleitoral devido ao voto por correspondência. Nas sondagens, o rival democrata, Joe Biden, está na frente. Mas ninguém sabe quando se vai apurar ao certo o resultado definitivo das eleições ou se ambas as partes o vão aceitar. “O que é dado como certo nos mercados é que o resultado definitivo não será conhecido no dia 3 de novembro, data das eleições”, diz Filipe Garcia, economista da IMF-Informação de Mercados Financeiros.

Num ano instável e imprevisível como o de 2020, alguns setores e empresas têm-se mostrado resilientes. As empresas ligadas à internet e ao comércio eletrónico, armazenamento em nuvem e entretenimento têm beneficiado com a epidemia, que veio mudar hábitos de consumo. Alguns desses hábitos parecem ter vindo para ficar. Há mesmo empresas que atingiram máximos históricos, como a Tesla, que passou de uma valorização de 80 mil milhões de dólares em março deste ano para 400 mil milhões de dólares. Também houve máximos históricos em índices como o norte-americano S&P.

Neste cenário, como fica a bolsa portuguesa? “A nossa bolsa infelizmente não consegue captar investimento”, lamenta Pedro Lino. “O PSI20 é composto praticamente por cinco empresas”, salienta, frisando que, sem incentivos, a tendência do afastamento dos investidores do mercado português irá piorar. “Os escândalos da PT e do BES, que abrangeu inclusive o mercado de obrigações, deixou os investidores traumatizados.” Desde o início do ano, o mercado acumula perdas de 21%, acima dos 15% de queda registado pelo índice europeu Stoxx 600.

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