As bolsas europeias estão a negociar em terreno positivo depois do Banco Central da China ter decidido vender títulos de dívida para travar a queda do yuan. O índice francês CAC40 sobe 0,91%, o germânico DAX avança 0,47%, o espanhol IBEX35 cresce 0,17%. Já o britânico Footsie cede 0,07%. Em Lisboa, o PSI-20 ganha 0,23%, impulsionado nomeadamente pelos títulos do BCP, que sobem 1,19% para 22,19 cêntimos, e da Jerónimo Martins, que crescem 1,22% para 14,16 euros.
Este comportamento das praças europeias tem lugar depois de o Banco Central da China ter recuado e acabado por elevado a taxa de câmbio. Nesta segunda-feira, a autoridade monetária chinesa tinha decidido descer a taxa de câmbio do yuan (moeda da China) para 6,9 yuans por dólar, o que representou o valor mais baixo em mais de dez anos. A decisão de Pequim surgiu em resposta à decisão de Donald Trump de aplicar novas taxas aduaneiras sobre bens importados da China, no valor de 300 mil milhões de dólares, e que vão entrar em vigor a 1 de setembro.
A decisão de Pequim fez com os EUA tenham classificado a China de manipulador cambial, algo que aconteceu pela primeira vez desde 1994, adianta a publicação Market Watch, e abre a porta a uma nova vaga de sanções, o que poderá elevar as tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo. Os efeitos da decisão de Pequim contudo não se ficaram por aqui. Atirou as bolsas mundiais para as perdas e levou os investidores a procurar ativos considerados de refúgio como o ouro.
Nos Estados Unidos, a sessão desta segunda-feira terminou com fortes perdas. O Dow Jones fechou a sessão a cair recuou 2,9%, o S&P500 caiu 2,98% e o Nasdaq desvalorizou 3,47% e fez com que 500 figuras mais ricas do mundo perdessem num só dia o equivalente a 117 mil milhões de dólares (cerca de 104 mil milhões de euros). Ainda assim, os futuros norte-americanos estão em alta, abrindo a porta a arranque de sessão em alta de Wall Street esta tarde.
Na Ásia, os efeitos da decisão de Pequim ainda se fizeram sentir, terminando os índices no vermelho. No Japão, o Nikkei desvalorizou 0,65% e o Topix desceu 0,44%. Em Hong Kong, o Hang Seng perdeu 0,67% e na China, em Xangai, o Shanghai Shenzhen CSI 300 Index terminou o dia a cair 1,07%, de acordo com os dados da Bloomberg.
Andrew Sullivan, diretor da Pearl Bridge Partners, disse em declarações à Bloomberg TV, que “o mercado não tem uma posição firme sobre o quão longe a moeda pode ir”.
Stephen Innes, da VM Market em Singapura, defendeu por sua vez ao Market Watch, que esta taxa de câmbio mais amiga do mercado “é o primeiro sinal de que o [Banco Popular da China] está a reconsiderar” usar o yuan com arma.
China suspende compra de produtos agrícolas americanos
A China decidiu suspender a compra de produtos agrícolas americanos em resposta ao recente anúncio de Washington de que aumentará as taxas alfandegárias, de acordo com a Lusa. “Foi acordado que a Comissão de Taxas Alfandegárias do Conselho de Estado não descarta taxar a importação sobre os produtos agrícolas norte-americanos adquiridos depois de 03 de agosto, e as empresas chinesas relacionadas suspenderam a compra de produtos agrícolas dos EUA”, indica o documento do ministério do Comércio da China.
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