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O ganho médio mensal dos trabalhadores do Estado, que inclui não só os salários brutos, antes da dedução de descontos, como também subsídios, prémios e suplementos, fixou-se em 1819 euros em abril, uma subida de 0,1% em relação ao trimestre anterior e de 1% em termos homólogos, segundo a síntese do emprego público, divulgada ontem. O DN /Dinheiro Vivo fez as contas à evolução do número de funcionários públicos – que em junho, se situou nos 741 698 – e vencimentos e verificou que a despesa com estas remunerações manteve-se praticamente inalterada nos 1,3 mil milhões de euros por mês desde abril do ano passado.
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Entre as profissões com maiores quebras de rendimento, relativamente ao trimestre anterior, destaque para os bombeiros, que viram o seu ganho médio mensal recuar 4,8% para 1633 euros, para os enfermeiros, que registaram uma descida de 1,9% no vencimento médio para 1786 euros, e para o pessoal da inspeção que perdeu 1,1% do seu ganho, auferindo agora cerca de 2521 euros. Mas, se analisarmos as remunerações em termos homólogos do ano passado, então a carreira de médico foi a mais sacrificada, com uma perda salarial de 2,9%: em abril de 2021, um clínico do Serviço Nacional de Saúde (SNS) recebia, em média, 3707 euros. Um ano depois, o ganho médio caiu para 3600 euros, uma perda de mais de cem euros.
Em sentido inverso, algumas carreiras registaram valorizações. Face ao trimestre anterior, sobressaem os notários com a maior subida, de 1,8%, para 4457 euros, seguido pelos polícias municipais, com um avanço salarial de 1,6% para 1633 euros. Comparando os dados com abril de 2021, as maiores valorizações remuneratórias vão igualmente para estas duas últimas profissões acima referidas, com aumentos de 4,7% e 4,8%, respetivamente. Salta ainda à vista o crescimento salarial de 3,7% dos diplomatas para 8 984 euros – este é, aliás, o ganho médio mensal mais elevado na Administração Pública – e as remunerações dos assistentes operacionais, operários e auxiliares que valorizaram 3,5% para 905 euros. Neste último caso, o aumento é explicado pelo efeito conjugado “da atualização do valor da Retribuição Mínima Mensal Garantida e do valor da base remuneratória para 705 euros”, explica a Direção-Geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP).
Os valores para as posições remuneratórias mais baixas do Estado não traduzem ainda o aumento extra de 47,55 que começará a ser pago este mês aos assistentes técnicos e operacionais, com efeitos a 1 de janeiro de 2022.
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Contratações abrandam
Em junho, entraram no Estado mais 10 885 trabalhadores, uma subida de 1,5% face ao período homólogo de 2021. Ao todo, existem 741 698 funcionários, o valor mais elevado desde 2011, segundo a síntese do emprego público. Ainda assim, verifica-se um abrandamento no crescimento do emprego estatal, já que, no trimestre anterior, o aumento tinha sido de 2,2% também em termos homólogos.
A subida de 1,5% no emprego público, comparativamente com o mesmo período de 2021, resultou essencialmente do aumento de 1,1% da força laboral na administração central, correspondente a mais 6263 postos de trabalho, e na administração local, que criou mais 2954 postos de trabalho, um crescimento de 2,3%, justifica o relatório.
Na administração central, o aumento do emprego verificou-se essencialmente nos estabelecimentos de educação e ensino básico e secundário, onde entraram mais 2660 trabalhadores, nas entidades públicas empresariais do Serviço Nacional de Saúde (SNS), que contrataram mais 2074 funcionários, e nas unidades orgânicas de ensino e investigação, que reforçaram o seu pessoal com mais 1601 contratações.
Se compararmos estes dados com o primeiro trimestre deste ano, verifica-se que a subida do emprego público foi bem menos expressiva, de 0,1%, a que corresponde mais 550 postos de trabalho. Neste caso, foi sobretudo o aumento das contratações na administração local (mais 1213 postos de trabalho), nomeadamente nas câmaras municipais, para onde ingressaram mais 901 trabalhadores, que impulsionou o crescimento do emprego, já que na administração central se registou uma diminuição de 912 trabalhadores, menos 0,2% face ao trimestre anterior.
Esta queda, em comparação com o trimestre anterior, do emprego nos serviços centrais do Estado registou-se sobretudo na área governativa da Saúde, que eliminou 1460 postos de trabalho, nomeadamente na carreira de médico, de assistente operacional e de enfermeiro. Em sentido inverso, na Administração Interna, entraram mais 1289 profissionais, refletindo as contratações a termo de vigilantes da floresta, que apresentam uma natureza sazonal, bem como de guardas da GNR.
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