Pablo Forero, CEO do BPI, anunciou esta sexta-feira na Money Conference, que decorre em Lisboa, que o banco vai começar a classificar a sua carteira de empréstimos por cores: castanhos e verdes, poluentes e não poluentes.
Face aos stress tests à banca que vão passar a incluir temas climáticos, que vão obrigar as instituições a alterar o seu portfólio, os seus créditos, Forero disse que o primeiro passo no BPI foi aprovar uma política de gestão do risco ambiental e uma equipa especializada para analisar a pegada ambiental e a classificar as atividades das empresas com que estamos a fazer negócios.
No final deste processo, o que irá acontecer não só em Portugal mas em toda a Europa é que as empresas mais verdes vão ter acesso ao crédito mais barato do que as que têm um impacto ambiental mais negativo. Vai haver discriminação pelo preço do crédito no mercado de capitais por via do impacto ambiental das atividade industrias. É uma atividade nova e é um processo que começa agora”, disse o responsável do banco.
A tendência foi confirmada por John Liver, partner de Finantial Services, Compliance e Conduct Offer Leader da consultora EY: “As alterações climáticas serão uma peça chave na mudança de paradigma na indústria financeira”.
Pedro Castro Almeida, CEO do Santander, frisou por seu lado que o banco foi considerado o banco mais sustentável do mundo pelo Dow Jones Sustainability Index. “Esta tendência vem dos clientes, que têm esta preocupação, não é algo meramente político. Eu não chego todas as segundas-feiras ao banco a pensar em formas de o tornar mais sustentável, apesar de, mais importante do que o lucro que o banco gera, é a forma como o faz. Tem de o fazer de forma sustentável. As quatro grandes forças que vão mudar o comportamento de qualquer negócio são os clientes, os acionistas que estão de olho na gestão responsável e sustentável, e no financiamento de projetos de energias renováveis, a sociedade e os colaboradores. Estamos a contratar uma nova geração que dá valor a estes temas e a organização têm de ter esta preocupação se quer reter talento”, disse o responsável do Santander.
Miguel Maya, CEO do Millennium BCP, defendeu que os stress tests climáticos, a sustentabilidade e a avaliação de risco “não são custos de contexto, mas sim uma forma de assegurar futuro do banco e de capacidade de prestar valor à sociedade.
“Cada vez vamos ser mais avaliados pelos consumidores, a minha primeira preocupação. Estão disponíveis para pagar um banco mais justo e sustentável e que cria valor para a sociedade. Neste momento, quando fazemos o orçamento para o banco olhamos primeiro para os riscos, onde estão os ambientais. Não tenho dúvida que estes fatores vão estar cada vez mais presentes, e é bom que estejam, nos testes de stress dos bancos”, disse Miguel Maya.
António Ramalho, CEO do Novo Banco, explicou como a organização está a redefinir o âmbito de alocação de capital e a criar modelos para a economia circular, que reconfigurará produtos de financiamento, e para a transição energética, com meta para atingir o carbono zero”.
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