//BPI estima encaixe acima de 95 milhões com venda parcial do BFA em julho

BPI estima encaixe acima de 95 milhões com venda parcial do BFA em julho

O presidente do Banco BPI disse esta segunda-feira que a venda parcial em bolsa do Banco de Fomento de Angola (BFA) acontecerá em julho e estimou que o BPI encaixará mais de 95 milhões de euros com a alienação de 14,75% do banco angolano.

“O processo de IPO [venda em bolsa do BFA] está a correr muito bem. Acreditamos que o IPO se irá realizar no verão”, em julho, disse João Pedro Oliveira e Costa na conferência de imprensa de apresentação das contas do primeiro trimestre (lucros de 137 milhões de euros) em Lisboa.

O gestor disse que está a correr bem a preparação da operação que envolve BPI e a Unitel (os dois acionistas do BFA), com uma “capacidade de encontro de ideias e princípios inabalável” entre ambos, mas que ainda não pode falar em interessados na compra pois ainda não foi concluído o preço a que o banco será colocado à venda nem os contactos com investidores.

“Neste momento, não podemos falar em interessados, nem sequer existe valor final, estamos a fechar os últimos pormenores nesse aspeto e o “road show” [contactos com investidores] ainda não se iniciou”, disse.

Atualmente, o BFA é detido em 51,9% pela operadores de telecomunicações estatal angolana Unitel (nacionalizada em 2022, incluindo a participação de Isabel dos Santos) e em 48,1% pelo BPI.

Desde 2017, o BPI tem uma recomendação do Banco Central Europeu (BCE) que o obriga a reduzir a exposição a Angola pois considera que a supervisão angolana não é equivalente à europeia.

João Pedro Oliveira e Costa disse que em julho será vendido em bolsa 29,75% do BFA, sendo 15% da Unitel e 14,75% do BPI.

O BPI explicou hoje que o BFA está contabilizado a 650 milhões de euros, pelo que a participação de 14,75% equivale a 95 milhões de euros.

Hoje, Oliveira e Costa disse acreditar que, tendo em conta a avaliação atual do setor bancário, o BPI conseguirá vender os 14,75% do BFA acima do valor a que está contabibilizado (“book value”).

“Temos a expectativa de que a operação venha a posicionar-se acima do “book value”. A nossa expectativa é muito positiva, é uma das melhores instituições bancárias do continente africano, com uma estabilidade de resultados importantíssima e reputação elevada”, disse Oliveira e Costa.

Caso a venda da posição do BPI se concretize, este ficará com uma participação no BFA de cerca de 33%.

Oliveira e Costa afirmou que esta redução da participação deixará o BCE em “maior conforto”, mas também que, de futuro, o BPI poderá reduzir mais a sua participação (através de vendas) se houver interessados.

Mesmo agora, disse, o supervisor “não tem dado sinais de preoucupação”, o que atribui quer ao comportamento do banco angolano quer às inciativas do Governo angolano para aproximar as metolodologias de supervisão angolana às europeias.

O presidente do BPI acrescentou que, mesmo com a participação no BFA reduzida a 33%, o BPI manterá no BFA poder de decisão e bloqueio.

Segundo explicou, foi acordado com a Unitel e com o Estado angolano que qualquer alteração de estatutos, de política de dividendos ou de governo não pode ser realizada sem o acordo do BPI.

“Não posso estar num mercado tão distante em que não tenha capacidade de voz”, disse Oliveira e Costa, considerando que esta salvaguarda dos direitos do BPI e a sua manutenção como importante acionista do BFS também dará segurança a novos investidores.

A venda de parte do BFA será feita na bolsa de Luanda.

“Será a maior operação a realizar na ainda jovem bolsa de Angola, será um desafio, mas entendemos que é dos melhores ativos disponíveis para investidores”, afirmou.

O BPI divulgou hoje que teve lucros de 137 milhões de euros nos primeiros três meses deste ano, numa subida homóloga de 13%.

O aumento dos lucros deve-se à contabilização dos dividendos do Banco de Fomento Angola (BFA) relativos a 2024, de 46 milhões de euros, uma vez que a margem financeira (a principal receita de um banco, a diferença entre juros cobrados nos créditos e juros pagos nos depósitos) caiu 9% para 223 milhões de euros.

Apenas na atividade em Portugal, o lucro caiu 13% em termos homólogos para 98 milhões de euros.

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