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“Na perspetiva portuguesa, a não existência de um acordo (com o Reino Unido) é catastrófica. É um acontecimento na ordem da catástrofe”, disse Augusto Santos Silva em entrevista ao programa “Geometria Variável”, da Antena 1.
Santos Silva sublinhou que a ausência de um acordo pode mesmo significar “o primeiro grande escolho” da presidência portuguesa da União Europeia.
“Seria um absurdo perdermos o Reino Unido e se nós não conseguirmos o acordo eu não tenho a mínima hesitação em dizer que esse será o primeiro grande escolho com que se debaterá a presidência portuguesa”, afirmou o ministro.
Mesmo assim, Augusto Santos Silva diz ter uma “crença” de que a situação pode solucionar-se.
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“Eu acredito que vai haver acordo, mas este acredito é mais de crença do que propriamente de expectativa racional”, acrescentou o ministro dos Negócios Estrangeiros sem especificar.
As negociações entre a União Europeia (UE) e o Reino Unido recomeçaram hoje, com um prazo marcado até domingo para se tentar alcançar um acordo pós-‘Brexit’, sendo mais provável o cenário do ‘no-deal’, segundo fonte próxima do Conselho.
De acordo com a mesma fonte, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leye, informou o Conselho Europeu, cuja reunião hoje termina em Bruxelas, que “a situação continua difícil, havendo ainda muitos obstáculos” a um acordo sobre as futuras relações comerciais entre a UE e Londres.
A probabilidade de não haver acordo (‘no-deal’) é agora maior do que a de se chegar a um consenso, adiantou aquela fonte europeia, salientando que todos os esforços serão desenvolvidos para tentar alcançar um consenso até domingo.
Em todo o caso, na quinta-feira, a Comissão Europeia publicou planos de contingência para que não sejam interrompidas a circulação rodoviária, o tráfego aéreo e as atividades de pesca.
Na quinta-feira, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, alertou que existe uma “grande possibilidade” de que o Reino Unido venha a romper definitivamente os laços com a União Europeia, no próximo dia 31 de dezembro, sem se alcançar um acordo sobre a futura relação.
Após reunir-se com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o primeiro-ministro britânico afirmou numa entrevista à estação Sky News que é provável que a relação com a União Europeia passe a reger-se pelas normas gerais da Organização Mundial do Comércio (OMC), após o final do período de transição pós-‘Brexit’.
O primeiro-ministro sublinhou que pediu aos membros do Governo que comecem os “preparativos” para um cenário “sem acordo”, o que no jargão político britânico é tratado como “relação australiana”, numa alusão à falta de acordo comercial entre Londres e Camberra.
O Reino Unido abandonou a UE em 31 de janeiro, tendo entrado em vigor medidas transitórias que caducam no próximo dia 31.
Na ausência de um acordo, as relações económicas e comerciais entre o Reino Unido e a UE passam a ser regidas pelas regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) e com a aplicação de taxas aduaneiras e quotas de importação, para além de mais controlos alfandegários e regulatórios.
Para além das pescas, mantêm-se as divergências entre Londres e Bruxelas sobre questões de concorrência e de resolução de litígios.
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