Os BRICS, o bloco dos países em desenvolvimento, contam a partir de hoje com seis novos membros e deixaram a porta aberta a novas adesões. É um passo para um objetivo bem definido: acelerar a remodelação da ordem mundial, que consideram estar desatualizada.
Esta quinta-feira, o bloco dos países em desenvolvimento aceitou a entrada para o grupo da Arábia Saudita, do Irão, da Etiópia, do Egipto, da Argentina e dos Emirados Árabes Unidos. São seis dos 22 países que formalizaram a candidatura.
No entanto, os líderes do grupo deixaram a porta aberta a novo alargamento, com a possibilidade de entrada de dezenas de outros países, para que seja possível equilibrar o plano global que dizem estar contra eles.
“Esta expansão do número de membros é histórica”, segundo o Presidente chinês, Xi Jinping, o mais firme defensor do alargamento do bloco. “Isso mostra a determinação dos países do BRICS na unidade e cooperação com os países em desenvolvimento mais amplos”, disse Xi Jinping.
A expansão acrescenta peso económico aos BRICS, que já contavam com a China (segunda maior economia do mundo), Brasil, Rússia, Índia e África do Sul.
Os seis novos candidatos tornar-se-ão formalmente membros a 1 de janeiro de 2024, segundo indicações do Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, que nomeou os países no final da cimeira de líderes de três dias que decorreu em Joanesburgo.
Entre as ambições anunciadas está a de dominarem o Sul Global ou transformar o grupo num contrapeso ao Ocidente. No entanto, podem surgir tensões com os países que continuam a cultivar relações com os Estados Unidos e a Europa.
Já a entrada de potências petrolíferas, a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, destacam o afastamento destes países da órbita dos Estados Unidos e a ambição de se tornarem pesos pesados globais por direito próprio.
“O BRICS embarcou num novo capítulo no seu esforço para construir um mundo que seja justo, um mundo que também seja inclusivo e próspero”, disse Ramaphosa.
“Temos consenso sobre a primeira fase deste processo de expansão e outras fases se seguirão”, concluiu o presidente sul-africano.
Compromisso de Reequilibrar a Ordem Mundial
Um reflexo da crescente influência do bloco, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, esteve presente no anúncio de expansão e fez eco dos apelos de longa data dos BRICS para que reformem o Conselho de Segurança da ONU, o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial.
“Para que as instituições multilaterais permaneçam verdadeiramente universais devem ser reformadas, para refletir o poder e as realidades económicas de hoje”, anunciou Guterres.
Apesar de abrigar cerca de 40% da população mundial e um quarto do produto interno bruto global, as divisões internas há muito que prejudicam as ambições dos BRICS de se tornarem um ator importante no cenário mundial.
Os países do BRICS têm economias de escala muito diferentes e governos com objetivos de política externa muitas vezes divergentes, o que dificulta uma decisão consensual do bloco.
O debate sobre o alargamento liderou a cimeira na África do Sul. Embora todos os membros dos BRICS tenham expressado publicamente apoio ao crescimento do bloco, houve divisões entre os líderes sobre quanto e com que rapidez.
O bloco representa mais de 42% da produção mundial e deverá mudar a economia mundial até 2030. São os maiores parceiros comerciais de África e, apesar de não quererem rivalizar com o G7, como afirmou o Presidente brasileiro, Lula da Silva, os BRICS pretendem ganhar uma voz mais importante em termos internacionais.
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