//Bruxelas. Governo subestima impacto da execução de garantias covid no défice e na dívida

Bruxelas. Governo subestima impacto da execução de garantias covid no défice e na dívida

O governo inclui no Orçamento do Estado deste ano (OE2021) uma despesa com execução de garantias pessoais do Estado prestadas no âmbito dos apoios covid-19 equivalente a 0,1% do PIB (produto interno bruto), cerca de 200 milhões de euros, mas um estudo da Comissão Europeia (CE), ontem divulgado considera que esse valor parece estar bastante subestimado.

De acordo com informações recentes recolhidas por Bruxelas, a execução desses avales (por falta de capacidade de pagamento de créditos por parte de empresas e das famílias, por exemplo) já irá em mais de 1,1 mil milhões de euros. É cinco vezes mais. Este valor, citado pela CE, foi calculado recentemente pelo Tribunal de Contas.

Nos documentos relativos ao ciclo de avaliações do semestre europeu, ontem publicados, a Comissão teme que esta discrepância entre a previsão mais benigna do Ministério das Finanças e a realidade seja um primeiro sinal evidente dos problemas financeiros que o Estado irá enfrentar mais à frente, nos próximos anos, a partir do momento em que cessam de forma definitiva todos os instrumentos de moratórias.

Quanto maior for a diferença, maior será o buraco orçamental, que terá de ser compensado com mais poupanças e cortes ou mais receita ou mais dívida, se o governo mantiver os objetivos do OE2021.

O momento da verdade na dívida privada (e no que é e não é novo malparado) acontece a partir de setembro deste ano, consideram os economistas que acompanham Portugal a partir de Bruxelas.

Como referido, a CE está preocupada com uma eventual vaga de falências e com o colapso nas dívidas privadas que devem acontecer, com maior probabilidade, depois do verão.