//Bruxelas quer obrigar grandes empresas a publicarem quanto as mulheres ganham a menos

Bruxelas quer obrigar grandes empresas a publicarem quanto as mulheres ganham a menos

A Comissão Europeia quer que as grandes empresas europeias passem a tornar público quanto ganham a menos as suas trabalhadoras, relativamente aos salários pagos aos homens, numa medida já prevista em Portugal, mas que ainda não é efetiva, com o governo a considerar que a divulgação põe em causa a privacidade dos dados.

A intenção de Bruxelas foi dada a conhecer nesta quinta-feira, com a apresentação de uma proposta de diretiva para a transparência salarial. Caso avance com a atual formulação, vai também proibir empregadores de questionarem candidatos a emprego sobre remunerações anteriores e forçar a que estes informem os candidatos dos leques salariais que praticam durante o processo de recrutamento.

Segundo a comissária europeia da Igualdade, Helena Dalli, a diretiva “permitirá que os trabalhadores façam valer o seu direito à igualdade de remuneração e contribuirá para pôr termo às discriminações salariais em função do género”.

Na União Europeia, as mulheres recebem em média menos 14% que os homens, com dois terços da diferença a não ser justificada por factores como experiência ou qualificações em iguais funções. Em Portugal, nos dados de 2018, as mulheres ganhavam menos 14,4% que os homens, com a diferença ajustada por qualificações e experiência a ficar em 11,1%. É nas grandes empresas que se verificam as maiores diferenças salariais.

A diretiva proposta agora por Bruxelas pretende que “os empregadores com pleno menos 250 trabalhadores disponibilizem publicamente e tornem acessível informação como o a diferença salarial entre mulheres e homens nas respetivas organizações, incluindo componentes variáveis ou complementares, para além do salário-base”.

A informação a divulgar deve reportar a distribuição por género nos diferentes escalões remuneratórios, para que se conheça a proporção de mulheres entre os salários mais elevados e mais baixos. O objetivo é permitir a “comparação entre empregadores, o que cria incentivos para que os empregadores previnam diferenças salariais potenciais”, “estimular o debate em torno da igualdade salariais e espoletar a ação”, refere o texto de Bruxelas.