Entre os estrangeiros que se candidataram aos cursos de turismo em Portugal, o maior contingente é o angolano (228 candidaturas), seguido do brasileiro (98). Mas também há candidatos dos Estados Unidos, Canadá, vários países africanos, especialmente de língua portuguesa, e cada vez mais europeus (por exemplo, franceses, italianos e alemães) que “veem Portugal como um destino de qualidade para estudar”.
Mais de metade (58%) dos candidatos têm o 12.º ano, mas há quem tenha já uma licenciatura ou pós-graduação. De qualquer forma, estes cursos são de especialização. E a responsável pela formação do Turismo de Portugal frisa que também há muita procura de pessoas mais velhas (na faixa dos 30 anos ou mais), que, com a pandemia, ficaram desempregadas noutros setores, que decidiram mudar de vida ou que estão simplesmente a reorganizar a sua vida profissional e sentem necessidade de se especializar para entrar no setor do turismo.
“Constata-se que o setor está de fato a retomar o dinamismo pela procura dessas pessoas. Muitas que já têm qualificações de nível superior vêm fazer uma especialização. São cursos muitos abrangentes e que nos permitem formar pessoas de forma muito eficiente para entrar no mercado de trabalho”.
Cozinha e pastelaria lideram as preferências
O curso de Gestão e Produção de Cozinha tinha 80 vagas, mas a procura foi mais de três vezes superior. Foi a primeira opção para 252 candidatos. Gestão e Produção de Pastelaria tinha 78 vagas, mas foi o escolhido por quase 200 candidatos. Aliás, todos os cursos (à exceção de Food & Beverage Management) tiveram procura muito superior às vagas disponíveis.
A responsável da Formação do Turismo de Portugal diz que os cursos cobrem as áreas em que o mercado precisa de mais pessoas qualificadas e que além da cozinha e pastelaria (em português e inglês), abrangem o serviço de restaurante, serviço de quartos, hospitality.
“As escolas, juntamente com as empresas, procuram dar uma resposta – a vezes quase imediata, outras vezes mais estruturante – para que o setor tenha os profissionais que mais precisa. “Mas é preciso cativar os jovens e temos um reforço das ofertas (pedagógicas) também para setembro porque estamos muito comprometidos a cativar mais pessoas e a qualificá-las”.
Estágio é um “namoro” que tem que correr bem
O setor da hotelaria e turismo debate-se com falta de mão-de-obra e especialmente, qualificada. O desafio das empresas já não é apenas captar, mas sobretudo, reter o talento. “É uma área muito exigente e os jovens veem a carreira de uma forma diferente, valorizam o tempo, a possibilidade de conciliar a profissão com a vida pessoal e familiar, entre outros aspetos. Só a remuneração já não é suficiente, embora seja importante”.
Por isso, há muitas empresas que apresentam “pacotes de benefícios” que podem incluir seguros, oportunidades de mobilidade entre unidades do mesmo grupo, viagens, formação acrescida, progressão na carreira. “Neste setor um jovem que conjugue competências técnicas com competências ao nível da liderança, pode ascender rapidamente na hierarquia e ter uma carreira. E creio que as empresas portuguesas estão muito focadas no que têm que fazer para cativar e reter o talento, que é o bem mais precioso para todos, hoje em dia”, diz Ana Paula Pais.
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