//Camionistas dos combustíveis apontam para nova greve a partir de 12 de agosto

Camionistas dos combustíveis apontam para nova greve a partir de 12 de agosto

As promessas feitas em maio pelos patrões das empresas de camionagem não foram cumpridas pelo que os motoristas do transporte de matérias perigosas, como gasolina e gasóleo e outros materiais tóxicos, ameaçam com uma nova greve no próximo dia 12 de agosto, segunda-feira.

O I Congresso Nacional de Motoristas, que aconteceu este sábado em Santarém, decidiu avançar no próximo dia 15 com um pré-aviso de greve a partir de 12 de agosto e até entrar em vigor o novo Contrato Coletivo de Trabalho (CCT) para o setor.

Alguns camionistas, reunidos em Santarém, chegaram a ponderar avançar para uma greve já no final de julho, mas a proposta que venceu é a de greve a 12 de agosto, até para haver tempo para as partes tentarem chegar a algum acordo até lá e o governo ter tempo para tomar medidas de prevenção caso não haja consenso.

Em declarações à SIC Notícias, à margem do I Congresso Nacional de Motoristas, que decorre este sábado em Santarém, Pedro Pardal Henriques, vice-presidente do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), atacou os empregadores do setor, acusando-os de não terem cumprido as “promessas” feitas no pré-acordo de maio, que permitiu desanuviar um pouco a situação.

Os patrões, que têm sido representados pela ANTRAM – Associação Nacional de Transportes Públicos Rodoviários neste diferendo, “aceitaram que havia um problema que tinha de ser resolvido, mas depois fazem promessas e continuam a não cumprir as promessas e a ultrapassar tudo aquilo que é legal e nós não aceitamos isto”, disse Pardal Henriques.

Recorde-se que em abril uma greve destes camionistas, que durou três dias, apanhou o país e as autoridades de surpresa, tendo provocado a rutura no fornecimento de combustíveis na maioria das bombas de gasolina.

“A greve não agrada ninguém nem agrada ao País, nem agrada aos motoristas, nem às empresas. É a bomba atómica que temos do nosso lado e as pessoas só partem para uma greve, e as pessoas têm que entender que os motoristas estão a fazer isto e a lutar por uma mudança na vida deles porque não estão satisfeitos com as condições, porque há mais de 20 anos que estas condições precárias se têm perpetuado e tem que haver uma mudança”, acrescentou o mesmo dirigente sindical, no congresso, este sábado.

A outra estrutura sindical presente no congresso de Santarém, o Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM), concordou com a mesma ação de luta.

Também em declarações à SIC Notícias, Pedro Leal, dirigente do SIMM, disse “basta” e que a resposta ao impasse na concretização de um acordo laboral com a FECTRANS – Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações vai ter como resposta a greve: “Greve, exatamente, sem dúvida”, declarou o sindicalista.

“É altura de dizer basta e agora é o basta. Este congresso é o ponto de viragem disto tudo. Ou nós somos tratados como deve ser e com seriedade pelo outro lado que está numa convenção coletiva ou neste momento rompemos e partimos para aquilo que não queremos”, a greve.

Segundo a Lusa, o Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas foi criado no final de 2018 e tornou-se conhecido com a greve iniciada no dia 15 de abril, que levou o Governo a decretar uma requisição civil e, posteriormente, a convidar as partes a sentarem-se à mesa de negociações.

Essa paralisação durou três dias e teve uma adesão muito elevada, tendo levado ao esvaziamento da maioria dos postos de combustível do país.

De acordo com a Lusa, o congresso, que contou com a presença de quase três centenas de motoristas, aprovou por unanimidade a proposta de CCT, apresentada pelos sindicatos Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIM).

A Lusa escreve ainda que esta proposta exige um aumento do salário base de 100 euros nos próximos três anos (1.400 euros brutos para 2020, 1.600 para 2021 e 1.800 para 2022), melhoria das condições de trabalho e pagamento das horas extraordinárias a partir das oito horas de trabalho, entre outras medidas.

“O novo acordo vai ser levado à reunião de dia 15 para continuar as negociações com a Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM), a federação filiada da CGTP, FECTRANS, mediada pelo Ministério do Trabalho. Para a mesma reunião, os dois sindicatos vão levar um pré-aviso de greve, ameaçando paralisar a partir de dia 12 de agosto, por tempo indeterminado, enquanto não entrar em vigor o novo CCT”, diz a agência noticiosa.

O presidente do SNMMP, Francisco São Bento, disse à agência Lusa que este primeiro congresso não se destina apenas aos sócios dos dois sindicatos promotores, está “aberto a todos os motoristas de pesados, pois o que está em discussão diz respeito a todos”. O objetivo do congresso é, segundo o sindicalista, esclarecer os motoristas sobre as negociações em curso e ouvir as suas opiniões.

“As negociações estão ainda numa fase inicial, pois o processo tem sido muito moroso, contrariamente ao que nós gostaríamos”, lamentou há dias o mesmo dirigente.

Este sindicato tem cerca de 700 sócios. O setor dos camiões de mercadorias emprega cerca de 50 mil motoristas de veículos pesados de mercadorias, 900 dos quais conduzem veículos de mercadorias perigosas.

(atualizado às 19h50; alguns camionistas chegaram a acenar com greve no final de julho, mas o congresso acabou por decidir avançar com a data de 12 de agosto)

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