//Carga fiscal e falta de mão-de-obra são os principais entraves à atividade empresarial

Carga fiscal e falta de mão-de-obra são os principais entraves à atividade empresarial

Falta de mão-de-obra e elevada carga fiscal são os principais entraves apontados pelos empresários, no inquérito anual realizado pela Associação Industrial Portuguesa – Câmara de Comércio e Indústria.

Uma em cada quatro empresas diz que o mercado de trabalho é o principal entrave à competitividade e ao crescimento, superando mesmo o peso dos impostos (23%).

Mais de 5 milhões estão empregados, a associação sublinha que Portugal está praticamente em pleno emprego, mas as empresas sentem dificuldade em contratar “os perfis que necessitam para reforçar as suas equipas para prosseguirem com as suas estratégias de crescimento”. Há “uma crescente necessidade de trabalhadores estrangeiros para suprir as necessidades nacionais”, refere a nota da AIP.

“Há um crescimento expressivo no número de empresas que enfrenta um problema grave de falta de recursos humanos. Há negócio, há vontade de crescer e de internacionalizar, mas muitas vezes vemos as empresas de mãos atadas por falta de pessoas qualificadas que possam ajudar a esse crescimento”, defende Paulo Alexandre Caldas, Diretor de Economia, Financiamento e Inovação da AIP-CCI, responsável pelo Inquérito.

Os empresários voltam ainda a criticar o regime fiscal português, que consideram muito pouco competitivo, que sobrecarrega as empresas e os trabalhadores com uma série de impostos. José Eduardo Carvalho, Presidente da AIP, diz que “não podemos continuar com um quadro fiscal que é composto por 4.300 impostos e taxas e, ainda por cima, quando neles incidem 451 benefícios fiscais. Não faz sentido. É preciso que o Governo olhe para este problema que asfixia as empresas e a economia”, diz.

O contexto internacional é outro desafio apontado, seja pelo nível de tensão geopolítica, seja pela conjuntura macroeconómica, enquanto fatores que limitam a capacidade das empresas portuguesas de crescer e de serem competitivas num mercado global. Isto apesar de, “globalmente, as empresas respondentes revelarem uma situação financeira estável, com vontade de investir”.

Metade das exportadoras considera a situação financeira “Normal” e o investimento deverá manter os níveis do ano passado, mas quase 50% refere que raramente investe em Investigação & Desenvolvimento.

Empresas financeiramente estáveis

Quando questionadas sobre a respectiva situação financeira, 52% das empresas diz que é “Normal” e cerca de 40% “Boa” ou mesmo “Muito Boa”. Entre as cerca de três centenas de empresas que responderam ao inquérito, realizado no início do segundo semestre deste ano, apenas 7% dizem que é “Má” e 1% assume que é “Muito má”.

Cerca de um terço (35%) que faz uma gestão assente exclusivamente em fundos próprios, 49% assume que pontualmente recorre a capitais alheios e 16% trabalha regularmente com crédito bancário. É muito reduzida a expressão de outras fontes de financiamento como emissões de dívida ou o recurso ao mercado de capitais.

“A dependência do financiamento bancário é reflexo de uma reduzida literacia financeira por parte de muitas empresas, situação que a AIP pretende alterar através de um conjunto de iniciativas que visam reforçar as competências de 1.000 Pequenas e Médias Empresas (PME) na utilização e acesso a soluções de financiamento inovadoras”, acrescenta a nota.

Investimento passa ao lado do I&D

Entre as empresas que participaram no Inquérito à Atividade Empresarial, 47% considerara que o valor do investimento realizado ou a realizar situar-se-á num nível “Igual” ao realizado em 2023. Apenas 22% diz que o investimento será num nível “Superior” ao do ano passado e 6% garante que será “Muito Superior”.

Este investimento será canalizado essencialmente para “Equipamento Produtivo” (29%), seguido de áreas como as “Tecnologias de Informação e Comunicação” (11%) e a “Qualificação de Recursos Humanos” com 10,8%.

“Estes resultados deixam transparecer a necessidade que as empresas sentem de reforçar a produção, mas também de serem cada vez mais digitais, essencial para o seu crescimento, bem como o foco na qualificação e retenção de talento num contexto desafiante para a atração de novos colaboradores”, explicam.

A grande maioria das empresas ignora a importância do investimento e “Investigação & Desenvolvimento” para o futuro das suas organizações. Quase metade, 47%, revela que raramente investe nesta área fundamental para a diferenciação dos seus negócios, é também reduzida a relevância atribuída ao investimento em “Ambiente/Sustentabilidade”, apesar da transição energética ser hoje determinante para o crescimento sustentável das empresas.

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