O governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, alertou esta segunda-feira para o risco de haver um “efeito de precipício que não se pode ignorar” quando acabar o prazo para as moratórias no crédito, já que as empresas terão de começar a pagar as prestações, sem terem ainda receitas estabilizadas.
Numa conferência online organizada pela sociedade Abreu Advogados, Costa voltou a apelar a um prolongamento do prazo das moratórias.
Segundo o governador, até ao dia 15 de maio foram concedidas 3,3 mil milhões de euros em moratórias relativas a dívidas totais de 30 mil milhões de euros.
Também voltou a apelar a uma revisão dos processos de financiamento das empresas de modo a dar mais tempo ao tecido empresarial para acomodar a crise.
Costa sugeriu que, “vale a pena pensar num mecanismo” semelhante ao que existe na Alemanha, França e Espanha, de financiamento com garantia pública e que permita um “reescalonamento por 6 anos” do reembolso da dívida.
“Há que rever o programa que enquadra o financiamento do tecido empresarial”, frisou na conferência sobre ‘Economia – Que políticas e medidas para a recuperação de Portugal?’.
O governador lamentou que não exista em Portugal “um banco de fomento ativo” para” canalizar rapidamente os recursos” financeiros e promover uma partilha de riscos com a banca.
O governo aprovou uma moratória legal para crédito à habitação e crédito de empresas que vigora até ao final de setembro.
Carlos Costa afirmou ser contra os empréstimos a fundo perdido. “Sou favorável a fornecer empréstimos subordinados” ou a “participação de quase capital” ou “entrada no capital propriamente dita”. “Não é estritamente necessário que sejam instrumentos públicos”, explicou, sugerindo o recurso ao Banco Europeu de Investimento ou ao mecanismo de recuperação que está a ser criado a nível comunitário.
O governador defendeu que as empresas não devem ficar numa “situação de braços caídos” e que devem aproveitar esta altura de paragem para “repensar o seu modelo e estratégia”, nomeadamente promovendo formação profissional aos trabalhadores “porque vai ser necessário reequacionar o novo normal no seu setor”.
Atualizada às 13H25 com mais informação
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