O Conselho Português de Carregadores (CPC) responsabilizou hoje os trabalhadores dos portos de Lisboa, Setúbal e Figueira da Foz que estão a fazer greve às horas extraordinárias de provocarem “danos incalculáveis na economia nacional”.
“Alguns trabalhadores portuários persistem em contribuir para danos incalculáveis na economia nacional, através de greves consecutivas desde agosto até outubro, colocando em risco muitos postos de trabalho, falha de rendimentos às famílias, perda de encomendas, aumento de custos e quebra do crescimento económico do país, proporcionado nos últimos anos pelas indústrias exportadoras”, refere, em comunicado, a direção do CPC, que representa algumas das maiores empresas exportadoras portuguesas.
O comunicado acrescenta que “o sindicato minoritário de trabalhadores portuários baseado em Lisboa continua a tentar destruir tudo o que foi construído com esforço das empresas e dos seus colaboradores, com persistentes greves decretadas ao longo do último mês e seguinte em alguns portos nacionais”.
O Sindicato dos Estivadores e Atividade Logística (SEAL) convocou uma greve ao trabalho suplementar nos portos nacionais, alegadamente devido ao facto dos operadores portuários não atribuírem qualquer trabalho extraordinário a 53 trabalhadores do porto de Leixões e a outros 25 do Caniçal, na Madeira, que decidiram filiar-se naquela estrutura sindical.
Até à próxima segunda-feira continuará a haver apenas greve ao trabalho suplementar, mas, segundo fonte sindical, a partir dessa data, os estivadores da Figueira da Foz prometem parar dois dias por semana.
A greve dos estivadores também está na origem de uma tomada de posição da Associação de Operadores do Porto de Lisboa (AOPL), que hoje acusou o Sindicato dos Estivadores de fomentar “a todo o custo um clima de conflito social”, prejudicando os trabalhadores, ao marcar uma greve em setembro e outubro.
“A greve ao trabalho suplementar convocada pelo SEAL e as razões alegadas revelaram claramente que o real objetivo é a criação a todo o custo de um clima de conflito social que poderá ter como único objetivo afirmar o seu próprio protagonismo e o dos seus dirigentes, fazendo-o inclusivamente à custa dos direitos dos trabalhadores que deveria representar e proteger”, sustenta a associação em comunicado.
Em comunicado divulgado em 27 de agosto, o SEAL avançou que “a greve envolverá todos os trabalhadores portuários efetivos e também aqueles que possuam vínculo contratual de trabalho de duração limitada, cujas entidades empregadoras ou utilizadoras sejam ETP [Empresas de Trabalho Portuário] ou empresas de estiva em atividade”.
A greve ao trabalho suplementar, entre 10 de setembro e 08 de outubro, reivindicando liberdade de filiação sindical, deverá abranger as empresas de estiva e de trabalho portuário dos portos de Lisboa, Setúbal, Sines, Figueira da Foz, Leixões, Caniçal, e Ponta Delgada e Praia da Vitória (ambas nos Açores).
A agência Lusa tentou ouvir o SEAL, mas o sindicato remete para sexta-feira uma resposta às críticas da AOPL e do CPC.
Deixe um comentário