//Carvalho da Silva. Reivindicações salariais da Função Pública são “legítimas”

Carvalho da Silva. Reivindicações salariais da Função Pública são “legítimas”

Carvalho da Silva considera “legítimo” que os sindicatos da Função Pública exijam aumentos salariais entre os 3% e os 4% para 2019.

No dia em que arrancam as negociações anuais com o Governo para as propostas a incluir no próximo Orçamento do Estado (OE), o antigo secretário-geral da CGTP diz à Renascença que considera razoáveis as reivindicações avançadas pelas estruturas sindicais.

“Basta observar os números relativos à perda do salário real dos trabalhadores da administração pública desde 2009 – cerca de 10% – para perceber que é preciso, em algum momento, começar a inverter isto de forma significativa”, argumenta o também comentador do programa “Conversas Cruzadas”, da Renascença.

Para Carvalho da Silva, é fundamental que o OE do próximo ano faça justiça aos funcionários públicos, pelo que “não me parecem valores exagerados. Agora, é sempre o início de uma negociação” para determinar até onde podem aumentar os ordenados da Função Pública em ano de eleições legislativas.

Na opinião do ex-líder da Intersindical, este fator eleições poderá ter influência na flexibilidade do executivo para, pelo menos, aproximar-se das exigências dos trabalhadores.

No entanto, Carvalho da Silva sublinha que “as respostas a estes problemas exigem um exercício mais profundo, que não se esgota na questão dos aumentos salariais para os funcionários públicos”.

“Não podemos continuar a assistir ao esgotamento de capacidades dos serviços públicos – como a saúde ou os transportes – e depois virmos, mais tarde, verter lágrimas de crocodilo por não termos investido com sentido de responsabilidade e no momento certo”, conclui.

“Apostar na convergência em vez de olhar para o quintal do vizinho”

Noutro plano, Carvalho da Silva deixa críticas ao secretário-geral da UGT que, durante a Universidade de Verão do PSD, acusou a CGTP de banalizar a luta de classes e o direito à greve.

Na resposta a Carlos Silva, o sociólogo lembra que “o crescente domínio do poder económico traz cenários em que, muitas vezes, o poder financeiro de grandes grupos económicos assume um protagonismo exclusivo e egoísta na definição de políticas para o país”.

Daí a necessidade de “instituições de mediação, como os sindicatos, que sejam vivas, fortes e que desempenhem o seu papel sem se distraírem a ver os problemas no quintal dos outros”.

Sem querer catalogar as declarações do líder da UGT, Carvalho da Silva prefere “que se olhe menos para os outros para justificar posições e que cada um trabalhe afincadamente no papel que lhe compete”.

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