Os estabelecimentos de alojamento turístico registaram 10,5 milhões de hóspedes e 26 milhões de dormidas, quebras de 61,3% e 63%, respetivamente, face às subidas de 7,9% e 4,6% em 2019, revelam os dados preliminares do Instituto Nacional de Estatística (INE).
“No conjunto do ano de 2020 (dados preliminares), os estabelecimentos de alojamento turístico registaram 10,5 milhões de hóspedes e 26 milhões de dormidas, -61,3% e -63,0%, respetivamente (+7,9% e +4,6% em 2019)”, divulgou o INE.
No entanto, considerando a generalidade dos meios de alojamento (estabelecimentos de alojamento turístico, campismo e colónias de férias e pousadas da juventude), registaram-se 11,8 milhões de hóspedes e 30,4 milhões de dormidas, a que corresponderam reduções de 60,2% e 60,9%, respetivamente.
As dormidas de residentes no ano passado totalizaram 13,6 milhões, uma descida de 35,4% (tinham subido 6,5% em 2019), o valor mais baixo desde 2013.
Já as dormidas de não residentes alcançaram apenas 12,3 milhões, uma descida de 74,9% (aumentaram 3,8% em 2019), o valor mais baixo desde 1984.
O Reino Unido manteve-se como principal mercado emissor em 2020, representando 16,3% das dormidas de não residentes, apesar do decréscimo de 78,5% face ao ano anterior, seguindo-se os mercados alemão (quota de 14,6%) e espanhol (peso de 14,5%).
Em 2020, a taxa líquida de ocupação-cama fixou-se em 24%, o que representou uma redução de 23,3 pontos percentuais face a 2019.
Em dezembro, o setor do alojamento turístico registou 459,4 mil hóspedes e 969,8 mil dormidas, o que corresponde a quebras de 70,9% e 72,4%, respetivamente, mas uma ligeira recuperação face ao mês anterior (-77,0% e -77,2% em novembro, pela mesma ordem).
Quando considerada a generalidade dos meios de alojamento, registaram-se 494,8 mil hóspedes e 1,1 milhões de dormidas, correspondendo a evoluções negativas de 70% em ambos (-76,2% e -74,5% em novembro, respetivamente).
No mês em análise, as dormidas de residentes diminuíram 54,1% (-59,6% em novembro) e as de não residentes recuaram 82,8% (-85,6% no mês anterior).
As dormidas na hotelaria (74,8% do total) diminuíram 75%, em dezembro, enquanto as dormidas nos estabelecimentos de alojamento local (peso de 20,3% do total) decresceram 63,5% e as de turismo no espaço rural e de habitação (quota de 4,9%) recuaram 41,1%.
Por sua vez, as dormidas em ‘hostels’ registaram uma diminuição de 75,4% em dezembro, representando 15,2% das dormidas em alojamento local e 3,1% do total de dormidas nos estabelecimentos de alojamento turístico.
Os proveitos totais registaram uma variação de -73,7% (-79,8% em novembro) para 54 milhões de euros.
Já os proveitos de aposento fixaram-se em 36,3 milhões de euros, diminuindo 74,2% (-80,5% no mês anterior).
Em dezembro, 50,5% dos estabelecimentos de alojamento turístico estiveram encerrados ou não registaram movimento de hóspedes (49% em novembro).
No último mês do ano, a taxa líquida de ocupação-cama nos estabelecimentos de alojamento turístico fixou-se em 12,2%, recuando 18,8 pontos percentuais (tinha diminuído 24,6 pontos em novembro).
As taxas de ocupação mais elevadas registaram-se na Região Autónoma da Madeira (19,9%), Alentejo (13,5%) e Área Metropolitana de Lisboa (13,2%).
“Sem recuperação do turismo não há recuperação da economia”
Em declarações à Renascença, a presidente executiva da Associação de Hotelaria de Portugal (AHP), Cristina Siza Vieira, diz que os números do INE confirmam o “cenário catastrófico” que já esperavam.
Cristina Siza Vieira avisa que “sem recuperação do turismo não há recuperação da economia” e o “fator chave” para a retoma e o regresso a uma certa normalidade “é a confiança”.
A presidente executiva da AHP considera que a vacinação massiva representa uma janela de esperança para o setor, porque vontade de viajar não falta.
“Por um lado, por parte da banca há liquidez, porque as poupanças das famílias têm crescido muito, todos os inquéritos revelam que a vontade de viajar é imensa. Há esperança que, logo que a situação pandémica seja controlada e a confiança retorne, há viagens no horizonte próximo. O ponto é de facto como é que a pandemia se controla: por um lado, a questão da vacinação é o ponto chave para a confiança”, afirma Cristina Siza Vieira.
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