O Conselho de Administração da Caixa, liderado por Paulo Macedo, vai receber um total de 655 297 euros em bónus relativo a 2017, quando chegou pela primeira vez aos lucros desde a injeção de capital recebida. A decisão, validada pelo governo, visto que o Estado é o único acionista do banco, e por Bruxelas, no verão, cumpre as regras de toda a banca europeia, tal como tem de acontecer desde que foi preciso que o banco público tivesse uma injeção de capital, no início de 2017.
Remuneração extra teve aval de Bruxelas. Leia aqui
Depois de cinco anos seguidos de prejuízos, a Caixa Geral de Depósitos lucrou 51,9 milhões em 2017, tendo mantido resultados positivos até ao mais recente trimestre, quando apresentou uma subida homóloga de 85% nos lucros, para 126,1 milhões de euros até março. No último ano completo, 2018, atingira já perto de 500 milhões de lucro.
Apesar de ser totalmente detido pelo Estado, o banco público está obrigado a atuar sob os princípios de gestão privada e em concorrência com outras entidades financeiras do espaço europeu.
Os prémios em numerário, do Conselho de Administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD), composto por oito membros, vão ser pagos em parcelas, sendo que 25% desse total foi entregue já em março deste ano. Outros 25% serão pagos em cinco prestações anuais iguais entre 2019 e 2023, de acordo com o relatório de gestão e contas referente a 2018 da CGD.
Os restantes 50% foram atribuídos em espécie, estando a sua liquidação condicionada pela evolução do plano estratégico 2017-2020. O Conselho de Administração (CA) da CGD recebeu 2,97 milhões de euros em remuneração fixa. E em 2018, não foram entregues prémios à administração tal como não o foram em 2017 — tendo sido empurrados para este e os próximos anos.
Paulo Macedo, presidente da CGD recebeu em março deste ano parte do bónus, no valor de 56 387,40 euros e prepara-se para receber mais 11 277,48 euros em dezembro. No total, o presidente do banco público vai receber 112 774,80 euros de prémio. Paulo Macedo obteve uma remuneração fixa mensal de 30 214,29 euros no ano passado, mantendo o salário base de 2017. Feitas as contas a 14 meses, ganhou 423 mil euros, em 2018.
Em 2018, os quadros diretivos das estruturas da CGD, correspondendo a 39 beneficiários, receberam uma remuneração base total de 2,8 milhões de euros, à qual se somaram prémios no valor de 210 mil euros.
O número de empregados da CGD Portugal diminuiu de 7 689 em 2017 para 7 244 em 2018. No ano passado, o salário médio dos empregados da Caixa com funções diretivas foi de 5 468 euros, e o dos restantes funcionários de 2 026 euros. Os cargos de direção viram o seu salário descer face ao ano de 2017 (5 636 euros), enquanto os outros tiveram um aumento do salário médio. (1 979 euros em 2017).
No ano passado, a CGD apresentou um lucro de 496 milhões de euros, quase dez vezes mais que os 52 milhões obtidos em 2017. O banco público obteve o melhor resultado anual desde 2007, ano em que tinha lucrado 856 milhões de euros, confirmando o fim dos anos de prejuízos. Entre 2011 e 2016, a CGD teve prejuízos acumulados de 3,84 mil milhões de euros, que obrigaram a recapitalizações avultadas por parte do Estado.
O banco liderado por Paulo Macedo entregou, no início do mês de junho, 200 milhões euros em dividendos ao Estado, acionista representado por Mário Centeno, valor que será uma ajuda relevante para com vista a baixar o défice público. (Com J.P.)
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