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O Governador do Banco de Portugal defende uma adaptação rápida das medidas de apoio à economia na resposta aos impactos da pandemia de covid-19.
“Em 2021, para preparar a recuperação as medidas devem ser adaptadas à evolução da crise. É muito importante ser adaptadas neste momento”, afirmou no webinar “A Presidência Portuguesa: rumo a uma recuperação europeia pós-covid”, organizado pela CFA Society Portugal, nesta terça-feira, 26 de janeiro.
A posição é assumida numa altura em que o país está a enfrentar o maior número de casos de infeções e mortes decido à covid-19, com um novo confinamento geral, semelhante ao de março e abril do ano passado.
O antigo ministro das Finanças alertou, no entanto, para as limitações de cada um dos instrumentos que estão a ser usados, tanto pelos países individualmente como pelos reguladores.
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“Temos de reconhecer os limites individuais das políticas orçamental, monetária e das políticas macro e microprudênciais”, avisou Centeno, acrescentando que é preciso “tirar vantagem de todas as sinergias das ações harmonizadas e coordenadas”.
Quanto a estratégias de saída, o Governador do Banco de Portugal acredita que “há um espírito na Europa de grande união”, lembrando, no entanto, que muitos setores estão sofrer um impacto muito maior.
Mas também apontou um indicador positivo, face ao que aconteceu com a anterior crise financeira. “Por exemplo, os depósitos das sociedades não financeiras estão a aumentar a dois dígitos e o mesmo acontece com as famílias. É uma grande diferença face à anterior crise e esta almofada também nos pode ajudar na recuperação”, apontou o antigo ministro das Finanças.
O problema do malparado
Neste seminário online, o antigo vice-governador do Banco Central Europeu, Vítor Constâncio, chamou a atenção para os problemas que podem surgir ao longo deste ano e do próximo com o fim das moratórias, por exemplo, mas também as potenciais insolvências que podem chegar “a 30% ou 40%” de acordo com as previsões da Autoridade Bancária Europeia.
“Há grande incerteza sobre a dimensão dessas perdas e o impacto vai ser heterogéneo”, sublinhou o antigo Governador do Banco de Portugal, “sobretudo nos bancos que podem desalavancar, provocando uma escassez de crédito”, alertou.
“O problema é que o aumento do volume de 2020 não se repetirá neste ano e no próximo. Vamos assistir a uma desaceleração significativa do crescimento do crédito”, apontou Constâncio, sinalizando o aumento do crédito malparado e das provisões dos bancos que podem conduzir a maior escassez de crédito à economia.
Por isso, o antigo vice-presidente do BCE defende que “os reguladores têm de estar preparados para fazer tudo o que for necessário para evitar uma crise no crédito, permitindo o financiamento da economia”, concluiu.
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