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Apesar de serem processos naturais no setor bancário, as renegociações de crédito à habitação “devem ser vistas com cautela”, afirmou esta terça-feira o governador do Banco de Portugal (BdP), alertando que este processo não deve ser banalizado, uma vez que pode trazer consequências tanto para as famílias como para os próprios bancos.
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Mário Centeno falava numa audição pedida pelo Partido Social Democrata (PSD) à Comissão Orçamento e Finanças, a propósito da atuação do setor bancário na renegociação de crédito à habitação e do desajustamento dos juros nos depósitos a prazo face das condições de mercado.
“Não podemos banalizar o processo de renegociação de crédito”, vincou o ex-ministro das Finanças, justificando que tal recurso implica responsabilidades e obrigações tanto do lado do mutuário como dos bancos – que têm de se financiar para emprestar dinheiro e a “maioria desses fundos são depósitos de outras famílias”.
O líder do banco central recordou o papel das instituições bancárias nos processos de renegociação: “A marcação de um crédito [na Central de Responsabilidades de Crédito] é uma responsabilidade muito significativa para os bancos porque, além de representar custos e diminuir a capacidade de emprestar, vai sinalizar um mutuário, que fica numa situação fragilizada”.
Centeno pediu prudência e uma análise “muito detalhada” sobre a situação financeira de cada devedor e da sua capacidade de fazer face a tal obrigação, que é a última a deixar de ser paga. O governador do BdP comentou ainda que quando uma família passa o limiar crítico de endividamento “é porque tem crédito à habitação e outras formas de crédito”. “Temos de chamar a atenção para isso”, disse.
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Ainda no âmbito dos esclarecimentos sobre o primeiro ponto do requerimento, o ex-ministro avançou que o supervisor recebeu 339 reclamações associadas à renegociação de crédito à habitação – um número “com pouca expressão”, que representa 3,2% do total de queixas endereçadas à instituição, mas que não deve ser tomado “como representante do que pode vir a acontecer daqui a seis meses”.
Já no que respeita ao desajustamento da remuneração dos depósitos, Mário Centeno afirmou que “a taxa de juro média tem vindo a aumentar”, cifrando-se agora nos 0,65%. “Há bancos em que as taxas médias já são superiores a 1%, o valor mais alto desde 2015. Está a ser um processo mais lento do que ao que desejávamos, mas a trajetória é claramente de convergência” em relação a outros países da Zona Euro.
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