//Centeno recusa divulgar auditoria sobre resolução do BES. Justifica com segredo

Centeno recusa divulgar auditoria sobre resolução do BES. Justifica com segredo

Mário Centeno recusou enviar ao parlamento o relatório interno do Banco de Portugal sobre a forma como foi feita a resolução do Banco Espírito Santo em agosto de 2014, justificando com o dever de segredo.

“O relatório solicitado – “Relatório da Comissão de Avaliação das Decisões e Atuação do Banco de Portugal na Supervisão do Banco Espírito Santo” – encontra-se sujeito a dever de segredo”, justifica o supervisor na resposta ao Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda (BE), acrescentando que “não se encontrando verificada nenhuma das circunstâncias legalmente previstas que determinam o afastamento do referido dever legal de segredo, o Banco de Portugal encontra‐se impedido de proceder ao envio do documento solicitado”, remata no email enviado ao BE.

O BE voltou a pedir o relatório sobre a atuação do Banco de Portugal (BdP) na resolução do BES em 2014, considerando ser uma peça-chave para conhecer todo o processo que conduziu à criação do Novo Banco. “Há um documento essencial para apurar as responsabilidades do Banco de Portugal na resolução do BES. Esse documento é uma auditoria interna feita pelo próprio Banco de Portugal à atuação do próprio regulador na resolução do BES”, afirmou a deputada bloquista.

As incongruências, segundo o BE
O partido liderado por Catarina Martins insiste em conhecer a auditoria e lembra que o próprio Governo também a pediu, ainda era Mário Centeno ministro das Finanças.

“O parlamento há anos que pede ao BdP esse relatório de auditoria, o Governo já pediu ao BdP esse relatório de auditoria. O primeiro-ministro já revelou publicamente o pedido do Governo e a sua curiosidade face a esse relatório. O PS já disse publicamente que estava contra a decisão do antigo governador de manter a auditoria encerrada num cofre”, apontou Mariana Mortágua.

O Bloco citou uma resposta do primeiro-ministro, António Costa, a este respeito no dia 07 de março, ainda Carlos Costa era governador do Banco de Portugal e Mário Centeno titular das Finanças. “Há pouco ouvi da bancada do PCP ou do Bloco que não conheciam a auditoria interna que o BdP tinha feito ao processo de resolução. E é verdade. Nós, o governo, solicitamos ao BdP o envio da auditoria e o BdP não nos revelou a auditoria. Pergunta-me se eu tenho curiosidade? Claro que tenho curiosidade. Todos temos curiosidade, qualquer português tem curiosidade”.

Razões que levaram o “BE a refazer o requerimento para que, com uma nova administração e um novo governador, o BdP enviasse essa auditoria ao parlamento”, mas a resposta foi a mesma de quando era Carlos Costa o governador.

“O governador Mário Centeno, recusa-se a enviar a auditoria à resolução do BES à Assembleia da República contrariando as posições do Governo, incluindo quando fazia parte do Governo enquanto ministro das Finanças”, frisou a parlamentar, anunciando que vai propor uma comissão parlamentar de inquérito à gestão do Novo Banco.

Ver fonte