
No ano seguinte, previa 1,6% e o défice foi de 0,9%. Em 2019, os deputados aprovaram um Orçamento com uma previsão de défice de 1%, e no final do ano foi de apenas 0,4%. E o resultado só não foi melhor porque o Novo Banco não ajudou, com a sua recapitalização a ser uma sombra que Centeno carregou todo o tempo que esteve no Terreiro do Paço.
Na última e recente polémica em que esteve envolvido com aquela instituição bancária, no momento em que foram injetados mais 850 milhões para a recapitalização, o ministro soltou: “Foi a mais desastrosa resolução bancária alguma vez feita na Europa”.
Finalmente, no ano passado, Centeno previa um défice de 0,1% e, afinal, eis que o país teve um excedente de 0,2%.
A mão de Centeno estava em tudo o que mexia no Governo, e acreditava-se quase num “toque de Midas”. Isso valeu-lhe um índice de popularidade entre os portugueses que rivalizava com o do próprio primeiro-ministro, António Costa, e do super-popular Marcelo Rebelo de Sousa. Um feito inaudito para a figura de ministro das Finanças, a quem cabe normalmente o papel de mal-amado do Governo.
Tudo isto, convém lembrar, foi feito sendo Centeno membro de um Governo apoiado por comunistas e bloquistas, para quem os números do défice e da dívida não eram vistos como uma prioridade. A isto acresce ainda que foi conseguido numa fase em que Governo apostou e fez bandeira da devolução e recuperação dos rendimentos dos portugueses.
Mas se para muitos se começou a criar uma certa ideia de mito à volta de um homem que conseguiu nas finanças públicas o que se pensou ser inalcançável, para outros Mário Centeno não era mais do que a figura de proa da austeridade que não se assumia no discurso mas que era vertida no papel do orçamento em forma de cativações.
De cativação em cativação
E se Mário Centeno tem números que o põem no Olimpo dos ministros das Finanças, tem outros que lhe valeram críticas de vários quadrantes. De acordo com os dados da Conta Geral do Estado de 2016, dos 1.733,5 milhões de euros de cativos iniciais, aos quais se juntaram 12,7 milhões adicionais, ficaram por gastar 942,7 milhões, o correspondente a 54% do valor inicialmente cativado.
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