//CEO portugueses ganham 32 vezes mais do que trabalhadores

CEO portugueses ganham 32 vezes mais do que trabalhadores

Os presidentes das principais empresas portuguesas cotadas em bolsa receberam, em média, 32 vezes mais do que os seus trabalhadores no ano passado. O líder deste ranking de CEO’s é Pedro Soares dos Santos, da Jerónimo Martins, que auferiu em 2021 mais de três mil milhões de euros, um aumento de 19,3% face a 2020.

Este é um valor que é quase 263 vezes superior à média de trabalhadores da dona do Pingo Doce – a maior disparidade salarial entre os 17 grupos analisadas pela DECO.

Neste ranking de disparidade salarial, segue-se Cláudia Azevedo, da SONAE, que auferiu no ano passado 1,6 mil milhões de euros, um valor 77 vezes superior à remuneração média dos seus trabalhadores. Na terceira posição está a Mota-Engil, dirigida por Gonçalo Moura Martins, cujo rendimento anual é 73,3 vezes mais elevado que a média dos salários praticados na empresa.

As informações constam de uma análise feita na revista Proteste Investe, da DECO. O coordenador, João Sousa, aponta à Renascença que estes dados “ajudam a perceber as grandes diferenças em matérias de remuneração dos CEO em Portugal” e que “a política de remunerações é, na prática e na maioria dos casos, muito vaga e não permite que seja votada, de forma individualizada, a remuneração dos membros do conselho de administração”.

Entre 14 de 15 empresas no índice PSI-20 e outras três analisadas pela DECO (Cofina, Impresa e Novabase), a discrepância no salário é superior em mais de 20 vezes em onze destas empresas e, entre 2020 e 2021, o rácio entre o salário do CEO e o do trabalhador médio passou de 29,6 para 32,2.

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Na base desta subida, segundo a DECO, está, sobretudo, o aumento da remuneração variável dos CEO (+27,8%), nomeadamente na Mota-Engil, Navigator, BCP, Impresa, EDP, Sonae e Semapa, que pode ser parcialmente explicado pela melhoria dos resultados das empresas, mas não na sua totalidade. Em comparação, o vencimento médio dos restantes trabalhadores aumentou, no mesmo período, apenas 2,7%.

A Associação da Defesa do Consumidor indica ainda que, dado o aumento da disparidade salarial nos últimos anos, existe necessidade de alterar a legislação, propondo mudanças como a existência de uma “comissão de vencimentos, com total independência”, a “definição de limites máximos para a remuneração individual e agregada dos órgãos sociais” e a “remuneração dos administradores parcialmente variável e baseada no desempenho sustentado da sociedade”.

O coordenador João Sousa indica também que é “desejável que a remuneração de cada administrador seja objeto de votação anual em assembleia geral de acionistas”.

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