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Se há um ano os Certificados de Aforro eram vistos como pouco apelativos, hoje parecem representar uma solução de poupança aliciante para as famílias, que têm resgatado o seu dinheiro dos depósitos bancários para o aplicar em títulos de dívida pública. O motivo? O facto de a remuneração desta opção, cuja fórmula é diretamente influenciada pelas flutuações da Euribor, garantir um rendimento “bastante superior” às restantes, diz ao DN/Dinheiro Vivo António Ribeiro, analista financeiro da Deco Proteste, considerando esta a melhor aplicação para as poupanças das famílias atualmente.
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O rendimento dos Certificados de Aforro atingirá em março o teto máximo permitido por lei de 3,5%, significando isto que, mesmo que a taxa de juro diretora do Banco Central Europeu continue a escalar, a remuneração possível de obter através deste produto não ultrapassará aquele valor. Ainda assim, tendo em conta que os bancos não têm acompanhado a evolução das taxas nos depósitos a prazo, contrariamente aos restantes países da União Europeia, esta continuará a ser “a alternativa mais vantajosa”, segundo o especialista.
“As taxas de juro no crédito à habitação estão a aumentar, mas a remuneração que dão às pessoas por terem o dinheiro no banco não é a justa.” Apesar de terem ficado “impávidas” face à subida dos juros durante meses, já há instituições em Portugal que fizeram alteração nas taxas dos depósitos – como o caso do Santander e do BCP, que já oferecem 2% a 12 meses – porém, as previsões são de tímidas subidas, até porque esta conjuntura “quase concertada entre os bancos, sobretudo os maiores, está-lhes a ser conveniente”, diz António Ribeiro.
Os pequenos da banca, que precisam de captar carteira (quer dos principais bancos, quer dos Certificados de Aforro), serão aqueles que apostarão em melhores remunerações. Já os gigantes, que “não têm tanta necessidade de liquidez” não deverão fazer grandes ajustes, pelo que “não é expectável taxas de juro surpreendentes”, nem tão pouco superiores ao patamar dos 3,5%, antecipa o economista.
Contudo, nota o mesmo responsável, o facto de os títulos de dívida pública terem subido o rendimento “foi muito positivo”, uma vez que está à fazer concorrência aos produtos bancários e a pressionar a subida das taxas dos depósitos. Por outro lado — e o mais relevante, indica – está a dar uma forma de poupança imediata para as famílias que, “com uma taxa de inflação tão elevada, estão a sofrer perdas reais nos depósitos”: “Mesmo não tendo uma taxa superior à inflação, os Certificados de Aforro minimizam o impacto.”
E os Certificados do Tesouro, uma poupança a sete anos que proporciona taxas de juro fixas e crescentes a cada ano, poderiam também representar uma alternativa, “não fosse a falta de atualização deste produto um entrave”, sublinha o analista, deixando a crítica ao Estado.”Este produto precisa mesmo de ser revisto para que não morra”, frisa António Ribeiro, dando conta de que, nos últimos tempos, são mais os resgates do que as subscrições.
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Segundo dados divulgados pelo Banco de Portugal, no final de janeiro, enquanto as subscrições de Certificados de Aforro aumentavam em 2,9 mil milhões de euros, os depósitos de particulares registavam uma quebra histórica de 2,5 mil milhões.
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