//CGD alerta que créditos renegociados vão passar para nível de risco

CGD alerta que créditos renegociados vão passar para nível de risco

Muitas famílias podem mesmo vir a ser “catalogadas” de risco por se verem forçadas a renegociar os seus créditos de habitação própria e permanente, ao abrigo do novo diploma do governo. Se existiam dúvidas, ontem, o presidente da comissão executiva da Caixa Geral de Depósitos (CGD), Paulo Macedo, foi muito claro: “Por imposição da EBA (Autoridade Bancária Europeia) o cliente passa para stage 2”, isto é, para um nível em que um crédito sem incumprimento passa a ser considerado de risco quando é reestruturado. “O projeto do governo não tem qualquer referência, mas esta é a regra da EBA e nem os governos nem os bancos nacionais têm o poder para afastar essa regra”, vincou o CEO do banco público, no final da conferência de imprensa de apresentação dos resultados do terceiro trimestre do banco público.

O decreto-lei do executivo força os bancos a renegociar os créditos quando a taxa de esforça ultrapassa os 36%, por via do agravamento da taxa de juro em cinco pontos percentuais, ou através da subida dos juros em três pontos face ao que estava inicialmente contratualizado. A alteração ao Plano de Ação para o Risco de Incumprimento (PARI) aperta a malha de risco, uma vez que até agora só quando a taxa de esforço atinge os 50%, isto é, metade do rendimento líquido do contribuintes se destina pagar créditos à habitação ou ao consumo, é que as instituições financeiras estavam obrigadas a reestruturar os empréstimos. Aquando da apresentação do diploma, o secretário de Estado do Tesouro, João Nuno Mendes, pediu “cuidado para não conduzir a marcações que não correspondem efetivamente a dificuldades de pagamento, para não ter uma visão precipitada sobre aquilo que é um universo limitado”. Mas regras são regras.