Caixa Geral de Depósitos, BCP e BPI regressam ao pagamento de dividendos neste ano, colocando um ponto final nos oito anos de seca na remuneração aos acionistas devido à crise no país e no setor. Um sinal de normalização da atividade, dizem os banqueiros. Mas uma política que deve ser alvo de cautelas tem avisado o Banco de Portugal.
O banco público é, entre as entidades que retomaram o pagamento de dividendos, o que vai fazer um maior esforço face aos resultados para remunerar o acionista. A administração liderada por Paulo Macedo propõe pagar 200 milhões de euros em dividendos, destinando cerca de 40% dos 495 milhões de lucros consolidados para o Estado. Está já próximo dos 50% de lucro que tendia a distribuir ao acionista antes da crise.
A proporção do lucro a distribuir é maior do que a escolhida pela gestão do BCP. A administração liderada por Miguel Maya propõe reservar 10% do lucro para premiar os acionistas. O banco lucrou 300 milhões em termos consolidados em 2018 e vai entregar 30 milhões aos seus investidores. Só em 2021 é que o BCP pretende fazer um esforço semelhante ao da CGD. Maya tem a intenção de ir aumentando o payout até 40% nesse período.
Também o BPI está de regresso aos dividendos. O banco vai entregar ao seu acionista único, o espanhol CaixaBank, um cheque de 140 milhões de euros. Esse valor corresponde a 28% do lucro consolidado de 490,6 milhões de 2018.
Avisos do supervisor
Os dividendos da CGD e do Banco de Portugal são uma arma importante para o governo atingir as metas orçamentais deste ano. No Orçamento de 2019, as Finanças fizeram uma previsão de um total de 741 milhões de receita em dividendos vindos destas entidades, mais 325 milhões do que em 2018.
Paulo Macedo sublinhou na apresentação de contas do primeiro trimestre deste ano, na passada quinta-feira, que a entrega de dividendos ao Estado é um passo “necessário para a normalização da atividade do banco”. O líder da CGD tem realçado a necessidade de começar a remunerar os contribuintes para compensar o esforço do Tesouro que injetou quatro mil milhões no banco público.
No entanto, o Banco de Portugal tem recomendado cautela na remuneração. No último Relatório de Estabilidade Financeira, a instituição liderada por Carlos Costa sublinhou que se “impõe a adoção de políticas prudentes de aplicação dos resultados gerados, em particular no que concerne à distribuição de dividendos”.
O supervisor quer que os bancos assegurem “a sustentabilidade da melhoria recente da rendibilidade do setor bancário” e que reservem os lucros para aumentar a solidez de forma a “reforçar a capacidade de absorção de choques negativos sobre a situação de capital”.
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